11.11.2012

Os blogues que adoram odiar




Os blogues que adoram odiar

Conceito Social dos Boateiros e Caluniadores

As fantasias, os boatos, a maledicência, as mentiras e calúnias enchem as horas vazias de grande parte da humanidade, que goza profunda e voluntariamente com o "ouve-aqui, conta-acolá", que constitui o arcaboiço do boato e da calúnia assassina.

O boato é a alma das ruas, o segredo dos vadios, a delícia das más-línguas. Nasce de uma suspeita que se baseia em um facto qualquer, aumenta, progride, propaga-se, como a labareda em mato seco e, pela sugestibilidade humana, tendente à maledicência, em poucos dias empolga a população inteira de uma grande cidade, para posteriormente confirmar-se, mas habitualmente, infirmar-se, e morrer no anonimato das lufadas daninhas.
A calúnia é habitualmente a tara dos boatos, vive por causa da perversidade de certos homens que a criam e dela se sustentam, para repasto das suas tendências maléficas e envenenadoras.
A fantasia é inocente,   a mentira brota de um facto mínimo que lhe forma o ponto inicial, mas que a imaginação aumenta, hipertrofia, borda, exagera, com elementos lógicos, a fim de parecer verdade.
No livro "Os Pequenos Males" retrata bem a Doença da Mentira, como a mais vulgar das leves psicopatias. Na calúnia não há ponto verídico, tudo é criado, preparado, fundido com o metal inferior dos sentimentos perversos. Origina-se do ódio, ou das almas danadas, que formam grande lastro dos humanos. O gozo dos caluniadores é a resultante do ciúme, da vingança de raivas latentes e despeito inconfessáveis. O caluniador vive a macular reputações, a sorver os vapores deletérios que surgem da propagação das suas malévolas inzonices, e quantos, profundamente miseráveis e canalhas se vendem para tão baixo mister, ora acobertando-se em anonimato da imprensa, ora sussurrando em ouvidos adrede preparados para as baixíssimas insinuações aleivosas ou fraudulentas de reputações.

A mentira mancha o carácter, a calúnia fere o almejado, o boato espalha-se como o cancro, e ás vezes nódoa de lama ou de sangue a vítima das aleivosias.
A psicologia do fantasista, boateiro, mentiroso e caluniador, obedece à graduação descendente das fraquezas humanas as baixezas do carácter.
Caluniar é vingar-se soezmente, pois a calúnia exala éteres embriagantes e malignos e que fazem bem á alma desgraçada dos maculadores de nomes e de honras alheias. A calúnia é uma arma acerrada que retalha traiçoeiramente, infecciona, mas felizmente em regra não mata a vítima, mas, esmaga-lhe a dignidade. "A calúnia. Senhor, não sabeis o que desdenhais, crede que não há parvoa maldade, horrores, notícias absurdas que não sejam adoptadas pelos desocupados de uma grande cidade... a principio um murmúrio leve aplainando o solo como a andorinha antes da tempestade... tal boca recolhe-a, e "piano, piano", resvala directamente para a orelha, o mal fez-se, germina, sobe, caminha, e em "rinforzando" de boca em boca, diabo segue, depois de repente, não se sabe como a calúnia se endireita, arrasta, arranca, brilha e troveja, e torna-se em grito geral, um "crescendo" público, um coro universal de ódio e de proscrição..." "Beaumarchais" (Barbeiro de Sevilha).
"Os Romanos antigos, que muitas vezes usavam a letra K em lugar de C, imprimiam com ferro em brasa na testa do homem convicto da calúnia, um ou dois Kapas, como quem diz por abreviatura "Calúnia Causa" ou "Cave calumnosum". E referem esta pena a lei aonde também manda marcar ao ladrão com Memnia, ou (como outros dizem) Rhemmnia, um L: o caluniador, que é ladrão de honra, e fama, porque se não havia de marcar com um C afrontoso?
"Os turcos tem uma lei de Mafoma em que se termina que o convicto da calúnia, vá pelas ruas públicas nu, e enfuscado o rosto com tinta ou ferrugem, cavalheiro sobe um jumento, com a cara voltada para as ancas e a cauda dele na mão, em lugar de rédeas, e por capa de couro podre de cavalo ou boi, a rapaziada atrás dele atirando-lhe com imundices e dizendo-lhe afrontas".
Hoje é o contrário. Os caluniadores levam vida folgada, e como conspurcadores de honras, logrão as miserabilíssimas invencionices pelo gozo diabólico de fazer mal e com este fruírem os prazeres venenosos dos aleives.
A alma é assim, precisa de tais estímulos para viver nas grandes cidades, nas ruas, nos salões, nas colmeias humanas, que muita vez fabricam o mel das intrigas, felonias, perjurias, para a embriaguez dos boateiros e dos maledicentes...
A calúnia e o boato são toadas e árias maviosíssimas para os ouvidos urbanos, cujos donos os recebem, transformam, aumentam, e transmitem sucessivamente de tímpano a tímpano, gostosamente, voluptuosamente em cochichos blandiciosos, em palestra familiares ou em escritos infamantes.
Talvez as cidades fossem cemitérios insulsos se desaparecessem as fantasias, os boatos, as mentiras e calúnias dos lábios ou das penas humanas.

Por Joaquim Carlos
(Jornalista C.T.E nº. 525)

NB: A Revista "Domingo" edição do Correio da Manhã" do dia 11 de Novembro, na página 32, publica um excelente trabalho sob o titulo: " Os blogues que adoram odiar" da Jornalista Marta Martins Silva, digno de não só ser lido, mas, reflectido porque revela o comportamento de muitos blogueiros sem escrúpulos.
O artigo que acima publico serve apenas para ajudar a reflectir o que penso sobre um outro assunto que não devemos descurar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário