Os blogues que adoram odiar
Conceito
Social dos Boateiros e Caluniadores
As
fantasias, os boatos, a maledicência, as mentiras e calúnias enchem as horas
vazias de grande parte da humanidade, que goza profunda e voluntariamente com o
"ouve-aqui, conta-acolá", que constitui o arcaboiço do boato e da
calúnia assassina.
O
boato é a alma das ruas, o segredo dos vadios, a delícia das más-línguas. Nasce
de uma suspeita que se baseia em um facto qualquer, aumenta, progride,
propaga-se, como a labareda em mato seco e, pela sugestibilidade humana,
tendente à maledicência, em poucos dias empolga a população inteira de uma
grande cidade, para posteriormente confirmar-se, mas habitualmente,
infirmar-se, e morrer no anonimato das lufadas daninhas.
A
calúnia é habitualmente a tara dos boatos, vive por causa da perversidade de
certos homens que a criam e dela se sustentam, para repasto das suas tendências
maléficas e envenenadoras.
A
fantasia é inocente, a mentira brota de um facto mínimo que lhe forma o
ponto inicial, mas que a imaginação aumenta, hipertrofia, borda, exagera, com
elementos lógicos, a fim de parecer verdade.
No
livro "Os Pequenos Males" retrata bem a Doença da Mentira, como a
mais vulgar das leves psicopatias. Na calúnia não há ponto verídico, tudo é
criado, preparado, fundido com o metal inferior dos sentimentos perversos.
Origina-se do ódio, ou das almas danadas, que formam grande lastro dos humanos.
O gozo dos caluniadores é a resultante do ciúme, da vingança de raivas latentes
e despeito inconfessáveis. O caluniador vive a macular reputações, a sorver os
vapores deletérios que surgem da propagação das suas malévolas inzonices, e
quantos, profundamente miseráveis e canalhas se vendem para tão baixo mister,
ora acobertando-se em anonimato da imprensa, ora sussurrando em ouvidos adrede
preparados para as baixíssimas insinuações aleivosas ou fraudulentas de
reputações.
A
mentira mancha o carácter, a calúnia fere o almejado, o boato espalha-se como o
cancro, e ás vezes nódoa de lama ou de sangue a vítima das aleivosias.
A psicologia do fantasista, boateiro, mentiroso e caluniador, obedece à
graduação descendente das fraquezas humanas as baixezas do carácter.
Caluniar
é vingar-se soezmente, pois a calúnia exala éteres embriagantes e malignos e
que fazem bem á alma desgraçada dos maculadores de nomes e de honras alheias. A
calúnia é uma arma acerrada que retalha traiçoeiramente, infecciona, mas
felizmente em regra não mata a vítima, mas, esmaga-lhe a dignidade. "A
calúnia. Senhor, não sabeis o que desdenhais, crede que não há parvoa maldade,
horrores, notícias absurdas que não sejam adoptadas pelos desocupados de uma
grande cidade... a principio um murmúrio leve aplainando o solo como a
andorinha antes da tempestade... tal boca recolhe-a, e "piano,
piano", resvala directamente para a orelha, o mal fez-se, germina, sobe,
caminha, e em "rinforzando" de boca em boca, diabo segue, depois de
repente, não se sabe como a calúnia se endireita, arrasta, arranca, brilha e
troveja, e torna-se em grito geral, um "crescendo" público, um coro
universal de ódio e de proscrição..." "Beaumarchais" (Barbeiro
de Sevilha).
"Os
Romanos antigos, que muitas vezes usavam a letra K em lugar de C, imprimiam com
ferro em brasa na testa do homem convicto da calúnia, um ou dois Kapas, como
quem diz por abreviatura "Calúnia Causa" ou "Cave
calumnosum". E referem esta pena a lei aonde também manda marcar ao ladrão
com Memnia, ou (como outros dizem) Rhemmnia, um L: o caluniador, que é ladrão
de honra, e fama, porque se não havia de marcar com um C afrontoso?
"Os
turcos tem uma lei de Mafoma em que se termina que o convicto da calúnia, vá
pelas ruas públicas nu, e enfuscado o rosto com tinta ou ferrugem, cavalheiro
sobe um jumento, com a cara voltada para as ancas e a cauda dele na mão, em
lugar de rédeas, e por capa de couro podre de cavalo ou boi, a rapaziada atrás
dele atirando-lhe com imundices e dizendo-lhe afrontas".
Hoje
é o contrário. Os caluniadores levam vida folgada, e como conspurcadores de
honras, logrão as miserabilíssimas invencionices pelo gozo diabólico de fazer
mal e com este fruírem os prazeres venenosos dos aleives.
A
alma é assim, precisa de tais estímulos para viver nas grandes cidades, nas
ruas, nos salões, nas colmeias humanas, que muita vez fabricam o mel das
intrigas, felonias, perjurias, para a embriaguez dos boateiros e dos
maledicentes...
A
calúnia e o boato são toadas e árias maviosíssimas para os ouvidos urbanos,
cujos donos os recebem, transformam, aumentam, e transmitem sucessivamente de
tímpano a tímpano, gostosamente, voluptuosamente em cochichos blandiciosos, em
palestra familiares ou em escritos infamantes.
Talvez
as cidades fossem cemitérios insulsos se desaparecessem as fantasias, os
boatos, as mentiras e calúnias dos lábios ou das penas humanas.
Por
Joaquim Carlos
(Jornalista C.T.E nº. 525)
NB: A Revista "Domingo" edição do Correio da Manhã" do dia 11 de Novembro, na página 32, publica um excelente trabalho sob o titulo: " Os blogues que adoram odiar" da Jornalista Marta Martins Silva, digno de não só ser lido, mas, reflectido porque revela o comportamento de muitos blogueiros sem escrúpulos.
O artigo que acima publico serve apenas para ajudar a reflectir o que penso sobre um outro assunto que não devemos descurar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário