6.29.2015

O negócio do plasma: cobardes e corajosos

O negócio do plasma: cobardes e corajosos
Por: Alexandra Borges Alexandra Borges    |   15 de Junho às 21:24


Esta reportagem começou a incomodar, antes mesmo de ser emitida

Esta é uma reportagem de investigação séria, rigorosa e bem documentada que fiz durante os últimos dois meses. 

O objectivo era entender porque é que deitamos para o lixo aquilo que depois gastamos milhões a comprar ao estrangeiro. Nada disto faz sentido mas, depois de fazer uma caminhada histórica pela documentação a que tive acesso, percebi que Portugal nunca foi “dono” do seu próprio plasma. 

O facto é que esta reportagem começou a incomodar, antes mesmo de ser emitida.

Uns, cobardes, avançaram para uma campanha difamatória nas redes sociais. (Esses tais actuam como se fossem os donos disto tudo, digo eu. Recorrem a ameaças, coacções, usam os dadores como arma de arremesso.)

Outros, corajosos, anunciaram um “Programa Estratégico Nacional de Fraccionamento de Plasma Humano para 2015-2019”, em final de mandato.

Em mais de  25 anos de profissão, nunca me tinha acontecido conseguir “resolver” um problema nacional nove horas depois da emissão da promoção a anunciar a minha grande reportagem. 

Mas este não é um problema deste governo.  Este, é um problema nacional que ATRAVESSA vários governos, do PSD e do PS de Sócrates.

No meio de toda esta embrulhada, o que honestamente mais me preocupou durante toda a investigação foi como prevenir o efeito imediato desta reportagem nos 500 mil dadores portugueses.  

Os dadores portugueses, que são altruístas, solidários, anónimos, voluntários e benévolos vão sentir-se completamente defraudados com aquilo que a reportagem denuncia. Provavelmente, a sua reação imediata, será recusar-se a voltar a dar sangue.

Como portuguesa, mesmo não sendo dadora (por questões de saúde), compreendo a vossa revolta mas, a verdade é que se deixarem de dar sangue,  penalizam quem menos culpa tem. O doente precisa dos dadores e os dadores só existem por causa do doente. Não deixem que esta denúncia estrague esta relação de amor incondicional. 


Continuem a dar sangue. Obrigada.

Postado por Joaquim Carlos, Coordenador do Projecto Imagem e Comunicação. Meus amigos, se eu pudesse dizer o que me vai na alma!

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