Cocaína é a droga ideal para quem quer um ataque cardíaco, mesmo se usada uma vez ao mês
Segundo um novo estudo da Universidade de Sydney (Austrália), usuários de cocaína, mesmo que só utilizem a droga uma vez ao mês, correm um risco muito maior de sofrer uma parada cardíaca do que as pessoas que não usam a droga.
Usuários de cocaína têm pressão arterial mais elevada, artérias mais rígidas e paredes mais espessas no músculo do coração do que não usuários, todos fatores de risco que podem causar um ataque cardíaco.
A pesquisa
Os pesquisadores usaram imagens de ressonância magnética para medir os efeitos da droga em 20 adultos saudáveis que usaram “cronicamente” a substância ilegal.
Eram 17 homens e 3 mulheres, com idade média de 37 anos, que relataram o uso de cocaína pelo menos uma vez por mês durante o ano anterior à pesquisa. Eles preencheram questionários que descreviam seus hábitos, fatores de risco cardiovascular e nível socioeconômico.
Pelo menos 48 horas após seu último uso de cocaína, os voluntários tiveram sua pressão arterial medida e passaram por exames de ressonância magnética cardíaca.
Em comparação com 20 não usuários, os que haviam abusado da cocaína tinham maiores taxas de múltiplos fatores associados com o aumento do risco de ataque cardíaco e de acidente vascular cerebral (derrame).
Por exemplo, os usuários tinham 30 a 35% mais rigidez da aorta, um aumento da pressão arterial e 18% mais espessura da parede do ventrículo esquerdo do coração.
Os efeitos combinados de maior coagulação do sangue, maior estresse no coração e aumento da constrição dos vasos sanguíneos colocam os usuários em um alto risco de ataque cardíaco espontâneo.
“Estamos repetidamente vendo jovens, indivíduos aptos, sofrerem ataques cardíacos fulminantes relacionados ao uso de cocaína”, diz a Dra. Gemma Figtree, pesquisadora do estudo. “Eles não têm conhecimento das consequências para a saúde de se usar regularmente cocaína. É a droga perfeita para um ataque cardíaco”, conclui.
O estudo australiano é o primeiro a documentar anomalias cardiovasculares em usuários de cocaína aparentemente saudáveis após os efeitos imediatos da cocaína terem passado.[DailyMail]
A história da cocaína: de “cura milagrosa” a assassina impiedosa
Conhecendo a cocaína como o que ela é hoje, é difícil acreditar que a substância já foi promovida como uma droga milagrosa, vendida e elogiada por algumas das maiores mentes na história da medicina, incluindo Sigmund Freud e pioneiro cirurgião William Halsted.
Segundo o historiador Howard Markel, a cocaína foi promovida até mesmo por Thomas Edison, pela Rainha Vitória e pelo Papa Leão XIII.
Em 1884, Sigmund Freud era um jovem médico em Viena, lutando para ganhar a vida e ser mundialmente famoso. Ele só precisava de uma descoberta: e achou que a tivesse encontrado.
Ele escreveu sobre a cocaína para sua futura esposa: “Se tudo correr bem, vou escrever um ensaio sobre ela e espero que ganhe seu lugar na terapêutica, ao lado da morfina e superior a ela. Eu tomo pequenas doses regularmente contra a depressão e contra a indigestão, e com o mais brilhante de sucesso”.
Foi uma estreia explosiva que ecoaria um século depois, quando a cocaína ressurgiu como um tipo diferente de droga milagrosa: o tipo que poderia ajudá-lo a festar a noite toda, sem efeitos nocivos ou risco de vício.
A história nos conta, no entanto, que tal entusiasmo passou, e a explosão deixou destroços de vidas humanas para trás.
Freud não foi o primeiro a escrever sobre a cocaína. A droga é derivada da planta de coca, que os nativos da América do Sul mascaram durante séculos e ainda mascam.
Em 1880, uma série de empresas teve sucesso em criar uma versão concentrada da planta: cloridrato de cocaína, dezenas a centenas de vezes mais poderoso do que mastigar uma folha de coca.
Na década de 1880, a literatura médica consistia em relatos de casos da droga. Médicos escreviam sobre tentativas e erros com pacientes.
De acordo com o historiador Markel, Freud devorou esses relatórios e escreveu seu próprio. O resultado, em 1884, foram 70 páginas de homenagem ao pó branco que Freud pensou que podia ser uma cura para o vício da morfina.
De alguma forma em seu êxtase, ele mencionou apenas de passagem que a droga poderia também servir como um analgésico tópico potente – forma a qual ainda é usada às vezes.
O cirurgião pioneiro William Halsted, na época com 32 anos, já era conhecido em Nova York quando leu o artigo de Freud e foi imediatamente atraído para explorar o uso da cocaína como analgésico.
Além de altas taxas de infecção, a cirurgia na década de 1880 era um negócio brutal. Éter e clorofórmio eram usados como anestésicos, mas, de acordo com Markel, médicos e enfermeiros tinham que lutar, literalmente, com o paciente para mantê-lo parado.
Buscando um método melhor, Halsted começou a injetar cocaína em seus próprios membros, assim como de amigos, alunos e colegas.
Ele de fato descobriu um meio valioso de amortecimento das terminações nervosas, mas a descoberta veio a um preço elevado.
Alguns meses depois, quando um paciente entrou na sua sala de operações com uma fractura na perna, o cirurgião estava destroçado física e mentalmente. Markel conta que Halsted estava tão drogado de cocaína que sabia que não poderia operar.
Então, tomou um táxi e foi para casa, permanecendo lá durante os próximos sete meses, se drogando. Sem dúvida, diz o historiador, houve muitos viciados como Halsted, mas em grande parte os problemas foram escondidos por uma onda de publicidade positiva.
“Havia todo tipo de alegações de saúde sendo feitas”, explica Markel. “Se você tivesse dor de estômago, se estivesse nervoso, se fosse letárgico, se precisasse de energia, se tivesse tuberculose, asma, todos os tipos de coisas; a cocaína curaria o que quer que fosse que você tivesse”.
Naquela época, as drogas não estavam presas atrás das paredes das farmácias. A cocaína era vendida em bebidas, pomadas, mesmo margarina. O produto mais popular era um vinho com cocaína desenvolvido por um químico francês. Na imagem no topo deste artigo era vendido como pastilhas para curar dor de dente em crianças.
Em Atlanta, um veterano da Guerra Civil chamado John Syth Pemberton criou um vinho parecido. Viciado em morfina depois de sofrer ferimentos de guerra, John estava interessado na cocaína como um tratamento para o vício da morfina.
Ele também era um grande homem de negócios. Quando a cidade em que vivia proibiu a venda de álcool, ele inventou uma versão doce, não alcoólica: a Coca-Cola.
Na mesma época, em Viena, a saúde do próprio Freud estava se deteriorando devido ao uso de cocaína. Ele sofreu uma arritmia cardíaca grave e bloqueios nasais. Em uma carta de 1896, confessou seu vício e jurou parar.
Freud talvez não tenha sido realmente viciado, mas não estava sozinho no crescimento do cuidado com a droga “milagrosa”.
Markel conta que no início dos anos 1890, a literatura médica era cheia de relatos de pessoas que usavam muita cocaína e tinham se tornado viciadas. O cirurgião Halsted era uma delas (o que não o impediu de ser brilhante em sua profissão).
Sendo assim, os anúncios sumiram. Em 1903, não havia mais cocaína na Coca-Cola. Em 1914, a droga já era vista como algo indesejável e, muitas vezes, ligada a estereótipos ruins de pessoas (ou até mesmo malucos).
Um artigo infame do jornal americano The New York Times, escrito pelo médico Edward Huntington Williams, alertou para um novo perigo da cocaína: demônios. Williams descreveu um chefe de polícia que alegou que sua munição teve pouco efeito sobre esses usuários de drogas e muitas unidades policiais optaram por utilizar armas mais potentes.
Mais tarde, em 1914, o Congresso americano aprovou a Lei de Narcóticos Harrison, proibindo o uso não médico da cocaína, bem como de outras drogas, como a maconha. Havia começado a longa carreira da cocaína como uma fora da lei.
Uma vez proibida, o uso da cocaína caiu, embora Markel conte que houve um pequeno aumento durante a proibição.
Até a década de 1970, no entanto, as histórias de criminosos e viciados foram largamente esquecidas. Com o esquecimento, houve uma explosão de uso que superaria à ocorrida um século antes.
Novamente, começou com a elite. “Para ser um usuário de cocaína em 1979, tinha que ser rico, moderno e elegante”, conta Mark Kleiman, professor de política pública. As pessoas não estavam preocupadas com as desvantagens – o que, todos sabemos hoje, foi um grande erro.
A gota d’água para muitos foi a morte de Len Bias em 1986, ex-jogador de basquete, que morreu de ataque cardíaco depois de uma noite de festa e cocaína com amigos.
Os legisladores reagiram com uma ferocidade que atingiu os usuários mais pobres e não brancos. Em 1986 e novamente em 1988, o Congresso americano aprovou leis de condenação obrigatória que levaram a uma explosão na população carcerária dos EUA.
Estudos apontam que, desde esse pico, em meados dos anos 80, o número de usuários de cocaína caiu pela metade. Hoje, o uso de cocaína é dominado por viciados (estima-se, nos EUA, que 50% a 60% de toda a cocaína sejam consumidas por pessoas que foram presas no ano passado).
A cocaína tem sido elogiada e amaldiçoada, não uma só vez, mas em dois ciclos frenéticos, com um século de distância.
E o que é mais incrível: as drogas sempre mostraram seu poder de afetar totalmente a percepção humana. Freud nunca reconheceu o papel da cocaína em seus males físicos, assim como os usuários de drogas sempre procuram desculpas ou benefícios para seus vícios. “É incrível o que as pessoas fazem para negar os perigos das coisas que tendem a gostar”, argumenta Markel. [CNN]
Usuários de cocaína têm risco muito maior de glaucoma
Uma nova pesquisa afirma que usuários de cocaína podem ter um risco aumentado de desenvolver um tipo de glaucoma.
Os pesquisadores americanos analisaram os registros de saúde de 5,3 milhões de veteranos dos EUA em 2009. Cerca de 90% dos veteranos eram do sexo masculino.
Cerca de 178 mil veteranos que foram atendidos em ambulatórios tinham um diagnóstico de abuso ou dependência de cocaína.
Os pesquisadores descobriram que cerca de 83 mil, ou cerca de 1,5% dos veteranos, tinham glaucoma.
Os participantes do estudo que tinham usado ou estavam usando cocaína eram mais propensos do que os não usuários a ter glaucoma de ângulo aberto, o tipo mais comum de glaucoma e a segunda causa mais comum de cegueira nos EUA.
Glaucoma de ângulo aberto é uma condição que está ligada a um aumento da pressão intraocular que, gradualmente, fere o nervo óptico. Com o tempo, essa pressão pode levar à perda substancial da visão periférica.
Os usuários e ex-usuários de cocaína tinham um aumento de 45% no risco de glaucoma de ângulo aberto.
Além disso, o estudo descobriu que pacientes com glaucoma e um histórico de uso de drogas ilegais eram quase 20 anos mais jovens do que pacientes com glaucoma sem histórico de exposição a drogas – ou uma média de idade de 54 versus 73 para não usuários de drogas.
Homens com glaucoma de ângulo aberto também tinham exposições significativas a maconha e anfetaminas, como metanfetamina, apesar de terem usado menos estas drogas do que a cocaína.
Segundo os pesquisadores, a associação do uso de drogas ilegais com glaucoma de ângulo aberto requer um estudo mais aprofundado, mas se a relação for confirmada, pode levar a novas estratégias para evitar a perda de visão.
Embora os cientistas estejam aguardando confirmação, é improvável que o glaucoma tenha precedido o uso de drogas ilegais, uma vez que o uso da substância começa tipicamente na adolescência ou nos 20 anos.
Mesmo assim, o estudo apenas mostrou uma correlação entre o uso de cocaína e o risco de glaucoma, e os cientistas não podem dizer se um causou o outro.[LiveScience]
Vacina contra cocaína pode ajudar pessoas a largarem o vício
Segundo uma nova pesquisa, uma vacina eficaz contra os sintomas causados pela cocaína em ratos também pode ser útil no tratamento do vício em humanos.
Durante o estudo, após receber a vacina, os ratos dosados com a droga não responderam aos sintomas hiperativos causados pela cocaína.
A vacina combina um segmento do vírus do resfriado comum com uma molécula semelhante à cocaína. Ela funciona ativando o sistema imunológico do organismo contra a cocaína, impedindo que a droga chegue ao cérebro.
Os pesquisadores criaram a vacina “desmontando” um adenovírus, um tipo de vírus responsável por alguns dos casos do resfriado comum. Eles descartaram os componentes que causam a doença e mantiveram aqueles que alertam o sistema imunológico da presença do vírus.
Em seguida, eles misturaram partes do adenovírus com uma molécula semelhante à cocaína. A verdadeira molécula não foi usada porque sua “sósia” era mais estável e provocava melhor resposta imune.
A vacina provocou uma forte reação imunológica nos ratos: anticorpos “anti-cocaína”, ou pequenas proteínas imunológicas, fizeram dos invasores seu alvo. A cocaína não costuma provocar uma resposta imune, mas quando somada às partes do vírus do resfriado, o sistema imunológico foi atrás da droga. Quando isolaram os anticorpos dos ratos no laboratório, os pesquisadores perceberam que eles neutralizaram a cocaína.
Em seguida, os pesquisadores deram cocaína aos ratos vacinados. Apesar da exposição à droga, os animais não ficaram “doidões”, ou seja, não apresentaram nenhum dos sintomas que a droga causa, um efeito que durou pelo menos 13 semanas.
Segundo os pesquisadores, essa é a primeira vez que foi desenvolvida uma “solução” anti-drogas que não exige várias infusões caras, e que pode passar rapidamente para testes em humanos.
A abordagem poderia ser muito promissora na luta contra o vício em humanos. Atualmente, não existe nenhuma vacina aprovada para qualquer dependência de drogas. Porém, a nova vacina ainda terá que passar por extensos testes para se certificar de que é segura e eficaz antes de receber aprovação para ser comercializada.
Os pesquisadores acreditam que ela funcionará melhor em dependentes que estão tentando parar de usar cocaína. A vacina pode ajudá-los a largar o vício, porque mesmo se eles usarem cocaína, uma resposta imune irá destruir a droga antes que ela atinja o centro de prazer do cérebro. [LiveScience]
10 Inacreditáveis propagandas de cocaína e outras drogas
Cocaína, morfina e até heroína eram vistos como remédios miraculosos quando foram descobertos. As substâncias que hoje são proibidas estavam legalmente disponíveis no passado.
Os fabricantes de medicamentos, muitos dos quais existem até hoje, proclamavam até o final do século 19 que seus produtos continham estas drogas.
Abaixo veja dez impressionantes propagandas antigas. Não deixe de ler até o final.
10. HEROÍNA DA BAYER
Um frasco de heroína da Bayer. Entre 1890 a 1910 a heroína era divulgada como um substituto não viciante da morfina e remédio contra tosse para crianças.
9. VINHO DE COCA
O vinho de coca da Metcalf era um de uma grande quantidade de vinhos que continham coca disponíveis no mercado. Todos afirmavam que tinham efeitos medicinais, mas indubitavelmente eram consumidos pelo seu valor “recreador” também.
8. VINHO MARIANI
O Vinho Mariani (1865) era o principal vinho de coca do seu tempo. O Papa Leão XIII carregava um frasco de Vinho Mariani consigo e premiou seu criador, Angelo Mariani, com uma medalha de ouro.
7. MALTINE
Esse vinho de coca foi feito pela Maltine Manufacturing Company de Nova York. A dosagem indicada diz: “Uma taça cheia junto com, ou imediatamente após, as refeições. Crianças em proporção.”
6. PESO DE PAPEL
Um peso de papel promocional da C.F. Boehringer & Soehne (Mannheim, Alemanha), “os maiores fabricantes do mundo de quinino e cocaína”. Este fabricante tinha orgulho em sua posição de líder no mercado de cocaína.
5. GLICO-HEROÍNA
Propaganda de heroína da Martin H. Smith Company, de Nova York. A heroína era amplamente usada não apenas como analgésico, mas também como remédio contra asma, tosse e pneumonia. Misturar heroína com glicerina (e comumente açúcar e temperos) tornada o opiáceo amargo mais palatável para a ingestão oral.
4. ÓPIO PARA ASMA
Esse National Vaporizer Vapor-OL era indicado “Para asma e outras afecções espasmódicas”. O líquido volátil era colocado em uma panela e aquecido por um lampião de querosene.
3. TABLETE DE COCAÍNA (1900)
Estes tabletes de cocaína eram “indispensáveis para cantores, professores e oradores”. Eles também aquietavam dor de garganta e davam um efeito “animador” para que estes profissionais atingissem o máximo de sua performance.
2. “DROPS DE COCAÍNA PARA DOR DE DENTE – CURA INSTANTÂNEA”
Dropes de cocaína para dor de dente (1885) eram populares para crianças. Não apenas acabava com a dor, mas também melhorava o “humor” dos usuários.
1. ÓPIO PARA BEBÊS RECÉM-NASCIDOS
Você acha que a nossa vida moderna é confortável? Antigamente para aquietar bebés recém-nascidos não era necessário um grande esforço dos pais, mas sim, ópio.
Esse frasco de paregórico (sedativo) da Stickney and Poor era uma mistura de ópio de álcool que era distribuída do mesmo modo que os temperos pelos quais a empresa era conhecida.
“Dose – [Para crianças com] cinco dias, 3 gotas. Duas semanas, 8 gotas. Cinco anos, 25 gotas. Adultos, uma colher cheia.”
Comentários: o interesse do adicionamento deste artigos a este Blog, justifica-se com o superior interesse de informação aos leitores do mesmo, para um melhor esclarecimento sobre as suas causas e efeitos que esta droga provoca.
Joaquim Carlos
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