10.27.2012

Entrevista ao Músico e Pintor Carlos Pinto


Entrevista ao Músico e Pintor Carlos Pinto
O Músico e Pintor Carlos Pinto numa das suas inúmeras exposições que decorreu na Lancha de Recreio na Ria de Aveiro, visitado pelo Coordenador do Projecto Imagem e Comunicação



Aveiro viu nascer e partir por esse mundo fora diversos artistas, quer músicos ou pintores, muitos deles nunca regressaram à sua terra natal. Carlos Pinto, é um aveirense que conheceu as vicissitudes da vida como emigrante, tendo regressado logo que foi possível às suas origens.

Trata-se de um artista que não deixa os seus créditos por mãos alheias, a prova disso é revelada nesta entrevista, que concedeu com algumas reservas, pois não está habituado a “estas coisas de entrevistas” como ele disse a certa altura, numa das nossas conversas antecedentes.
Esperamos que as televisões tenham amabilidade de o convidar para um dos seus programas. Além de se tratar de um músico e artista conceituado, ele é muito mais do isso, é um amigo do peito que nunca negou as suas origens, nos tempos que correm poucos são os que regressam.

Doravante a identificação do Blogue e do nosso ilustre entrevistado, segue com as iniciais Portaaberta e Carlos Pinto:

Portaaberta: o Carlos Pinto com que idade saiu de Aveiro para fazer vida no estrangeiro?
Carlos Pinto: sai de Aveiro com mais ou menos 40 anos de idade tendo ido para a Venezuela.
Aveirense Carlos Pinto numa actuação do 
Grupo Musical Poker´s fundado por si
Portaaberta: Qual foi a sua primeira actividade profissional neste país?
CP: Naquele país sempre fui músico e decorador.
Portaaberta: Como entrou para o mundo da música?
CP: Já vem de garoto, se é que posso falar assim, mas por forte influência dos trios de música latina, porque era o que estava mais na moda na época. Mais tarde fui com o Calista do Conjunto Ibéria, seguidamente fundei o meu próprio Conjunto Musical designado por Poker´s. 
Portaaberta: Para além da sua actividade musical, também se tem dedicado à pintura. Como surgiu esta apetência pela pintura?
CP: Trabalhei durante muitos anos na Fábrica Aleluia, onde fui desenhador artístico, seguidamente passei para a serigrafia em azulejo na actual fábrica dos Primos Vitória. Entretanto comecei a pintar quadros, tendo realizado diversas exposições públicas e assim contínuo.
Portaaberta: Entretanto regressou a Portugal, há quantos anos?
CP: Há 20 anos e mantendo a mesma actividade.
Portaaberta: Pelo que nos é dado saber, o Carlos Pinto continua dedicado à música e à pintura. Como consegue conjugar estas duas actividades?
CP: Não é assim tão fácil como parece, mas, vou realizando algumas exposições, e em paralelo dou a conhecer os meus dotes musicais sempre que me é permitido.
Portaaberta: Chegou a fazer alguma formação académica na área musical ou as coisas foram acontecendo com o evoluir do tempo?
CP: Foram acontecendo com o evoluir do tempo, ainda que nada tenha sido fácil porque as exigências eram mais do que muitas, e não como agora.
Portaaberta: Ainda no que diz respeito à pintura, sucedeu o mesmo ou frequentou algum curso específico nesta área?
Aqui podemos ver o Músico Carlos Pinto numa actuação do Grupo Musical Poker´s 
CP: Para além do que aprendi como pintor artístico na área da cerâmica como referi anteriormente, adquiri outros conhecimentos mais avançados de pintura na Venezuela em diversos estilos, especialmente em cerâmica.
Portaaberta: Já editou algumas cassetes ou CDs?
CP: Não. Nunca me interessei por isso, embora tenha em arquivo algumas gravações antigas que posso considera-las de inéditas.
Portaaberta: Como define o seu género de música?
CP: Presentemente toco mais música de dança latina.
Portaaberta: Alguma vez foi convidado pela televisão de forma a dar a conhecer a seu conhecimento musical e essa veia de artista plástico?
CP: Ganhei um concurso de inter-batalhões nos anos 62/63 em Angola, tendo ficado em primeiro lugar, com uma gravação que enviei do mato para Luanda. Qual não foi o meu espanto passados uns dias me aparece uma pequena avioneta para me conduzir a Luanda porque tinha sido classificado em primeiro lugar, cujo prémio era vir à metrópole para actuar na televisão. A partir dai nunca mais fui contactado para ir à televisão.
Portaaberta: A nível de espectáculos como vão decorrendo as coisas, também se faz sentir os efeitos da crise ou nem por isso?
CP: Sim. Os feitos da crise faz-se sentir e bastante.
Portaaberta: Ao longo destes anos de carreira, recorda-se de algum acontecimento que o mais tenha marcado de forma indelével?
CP: Sim, recordo-me de tantos. Fiz duas actuações que considero marcantes para toda a minha vida, que decorreram no Hotel Tamanaco, também em Caracas e no Parque D’leste onde se realização uma Concentração de Carros Antigos, que contou com a presença do Presidente da República na altura, e membros do governo. Recordo também com saudade que actuei em Colômbia, nomeadamente na cidade de Cúcuta.
Um outro acontecimento profundamente marcante, está relacionado com uma exposição de pintura por mim realizada em Valência na Sede do Clube de Caçadores, com temas alusivos aos barcos moliceiros da ria de Aveiro, e quando abri oficialmente a dita exposição já todas as obras estavam vendidas, o que motivou alguma perplexidade.
Portaaberta: Enquanto artista com esta duplicidade de conhecimentos já alguma vez se sentiu frustrado por não ter conquistado um espaço de revelo nos mídia?
CP: Já me senti frustrado diversas vezes, mas, sobre essa pergunta entendo que não devo adiantar nada mais. Já vive aqui no meu País aquilo que nunca se passaria na Venezuela.
Portaaberta: Espectáculos agendados a curto prazo?
CP: Nesta data tenho apenas um agendado, que vai decorrer no complexo hoteleiro Riabela, mais em concreto no dia 10 de Novembro.
Portaaberta: As deslocações ao estrangeiro têm algumas previstas ou não?
Músico Carlos Pinto numa das suas mais recentes actuações acompanhado de uma vocalista
CP: De momento não, mas, estou disponível para me deslocar até onde for necessário desde que as condições o permitam.
Portaaberta: Na sua opinião como descreve o panorama musical português?
CP: Vejo com preocupação. O que lhe devo dizer mais? Músicos a meu nível só faltam pagar para tocar, quando na verdade a música é classifica como cultura. Os valores das licenças são assustadores, sendo assim como podemos actuar em casamentos, bares e restaurantes, etc. etc.? É bom não pensar nisto.
Portaaberta: Pode dizer-se que alguns artistas acabam por deixar de cantar, o que gostam para cantar o que mais se vende?
CP: Não sei o que pretende saber sobre esta questão, mas, para mim a música latina é tudo, embora a música portuguesa esteja com alguns ritmos latinos, que considero um bom sinal.
Portaaberta: Como descreve a qualidade de artistas aveirenses, refiro-me a músicos e pintores contemporâneos?
CP: É uma região que tem dado ao mundo bons pintores e músicos, que o País não soube reconhecer os seus méritos, contudo, lá fora conseguem o que aqui lhes foi negado, o que é lamentável.
Portaaberta: Como vê o presente cenário político considerando que o Carlos Pinto viveu muitos anos no estrangeiro, quiçá a sua visão seja outra?
Os interessados em contactar o Carlos Pinto para espectáculos podem fazê-lo através do contacto neste cartão
CP: Fico profundamente triste com o que me entra pelos olhos a dentro. Um País onde se fala tanto de progresso e de evolução a todos os níveis, na prática o que estamos a assistir é a uma destruição lenta, mas progressiva dos maiores valores que levaram anos a erguer. Fome e miséria ambas de mãos dadas ante quando?
Portaaberta: No próximo dia 3 de Novembro, o Carlos Pinto é um dos Artistas aderentes ao 2º. Espectáculo de Artistas Solidários a favor da ADASCA, que vai decorrer no Salão da Junta de Freguesia de Cacia. Qual é a sua opinião sobre estas iniciativas?
CP: A minha opinião sobre estas iniciativas é pela positiva, destaco aqui a missão desta associação de dadores de sangue que conheço desde a sua fundação, o seu empenhamento na promoção pela dádiva de sangue, tendo sempre como alvo os doentes que dele necessitam.
A minha participação musical neste 2º. Espectáculo Solidário vai no sentido de ajudar dentro dos possíveis a angariar alguns fundos para a associação.
Portaaberta: Uma mensagem final para os seus fãs e aos leitores do Blog aveiro123-portaaberta.
CP: Sinto-me muito grato pela oportunidade que é dada não só por contribuir com esta entrevista, mas ao mesmo tempo agradecer a todas as pessoas que me tem acompanhado ao longo da minha carreira como músico e pintor, dizendo-lhes que ainda cá estou para as curvas.
Obrigado pela entrevista. Desejo-lhe os melhores sucessos para a sua carreira.

Entrevista conduzida por: Joaquim Carlos
(Jornalista)

Aveiro, 27 de Outubro de 2012

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