Entrevista
ao Músico e Pintor Carlos Pinto
O Músico e Pintor Carlos Pinto numa das suas inúmeras exposições que decorreu na Lancha de Recreio na Ria de Aveiro, visitado pelo Coordenador do Projecto Imagem e Comunicação |
Aveiro viu nascer e partir por esse
mundo fora diversos artistas, quer músicos ou pintores, muitos deles nunca
regressaram à sua terra natal. Carlos Pinto, é um aveirense que conheceu as
vicissitudes da vida como emigrante, tendo regressado logo que foi possível às
suas origens.
Trata-se de um artista que não deixa os
seus créditos por mãos alheias, a prova disso é revelada nesta entrevista, que concedeu
com algumas reservas, pois não está habituado a “estas coisas de entrevistas” como
ele disse a certa altura, numa das nossas conversas antecedentes.
Esperamos que as televisões tenham
amabilidade de o convidar para um dos seus programas. Além de se tratar de um
músico e artista conceituado, ele é muito mais do isso, é um amigo do peito que
nunca negou as suas origens, nos tempos que correm poucos são os que regressam.
Doravante a identificação do Blogue e do
nosso ilustre entrevistado, segue com as iniciais Portaaberta e Carlos Pinto:
Portaaberta:
o Carlos Pinto com que idade saiu de Aveiro para fazer vida no estrangeiro?
Carlos
Pinto:
sai de Aveiro com mais ou menos 40 anos de idade tendo ido para a Venezuela.
Aveirense Carlos
Pinto numa actuação do
Grupo Musical Poker´s fundado por si
|
Portaaberta:
Qual foi a sua primeira actividade profissional neste país?
CP: Naquele país
sempre fui músico e decorador.
Portaaberta:
Como entrou para o mundo da música?
CP: Já vem de
garoto, se é que posso falar assim, mas por forte influência dos trios de
música latina, porque era o que estava mais na moda na época. Mais tarde fui
com o Calista do Conjunto Ibéria, seguidamente fundei o meu próprio Conjunto
Musical designado por Poker´s.
Portaaberta:
Para além da sua actividade musical, também se tem dedicado à pintura. Como
surgiu esta apetência pela pintura?
CP: Trabalhei
durante muitos anos na Fábrica Aleluia, onde fui desenhador artístico,
seguidamente passei para a serigrafia em azulejo na actual fábrica dos Primos
Vitória. Entretanto comecei a pintar quadros, tendo realizado diversas
exposições públicas e assim contínuo.
Portaaberta:
Entretanto regressou a Portugal, há quantos anos?
CP: Há 20 anos e
mantendo a mesma actividade.
Portaaberta:
Pelo que nos é dado saber, o Carlos Pinto continua dedicado à música e à
pintura. Como consegue conjugar estas duas actividades?
CP: Não é assim tão
fácil como parece, mas, vou realizando algumas exposições, e em paralelo dou a
conhecer os meus dotes musicais sempre que me é permitido.
Portaaberta:
Chegou a fazer alguma formação académica na área musical ou as coisas foram acontecendo
com o evoluir do tempo?
CP:
Foram
acontecendo com o evoluir do tempo, ainda que nada tenha sido fácil porque as
exigências eram mais do que muitas, e não como agora.
Portaaberta:
Ainda no que diz respeito à pintura, sucedeu o mesmo ou frequentou algum curso
específico nesta área?
Aqui podemos ver
o Músico Carlos Pinto numa actuação do Grupo Musical Poker´s |
CP: Para além do
que aprendi como pintor artístico na área da cerâmica como referi
anteriormente, adquiri outros conhecimentos mais avançados de pintura na
Venezuela em diversos estilos, especialmente em cerâmica.
Portaaberta:
Já editou algumas cassetes ou CDs?
CP: Não. Nunca me
interessei por isso, embora tenha em arquivo algumas gravações antigas que
posso considera-las de inéditas.
Portaaberta:
Como define o seu género de música?
CP: Presentemente toco
mais música de dança latina.
Portaaberta:
Alguma vez foi convidado pela televisão de forma a dar a conhecer a seu
conhecimento musical e essa veia de artista plástico?
CP: Ganhei um
concurso de inter-batalhões nos anos 62/63 em Angola, tendo ficado em primeiro
lugar, com uma gravação que enviei do mato para Luanda. Qual não foi o meu
espanto passados uns dias me aparece uma pequena avioneta para me conduzir a
Luanda porque tinha sido classificado em primeiro lugar, cujo prémio era vir à
metrópole para actuar na televisão. A partir dai nunca mais fui contactado para
ir à televisão.
Portaaberta:
A nível de espectáculos como vão decorrendo as coisas, também se faz sentir os
efeitos da crise ou nem por isso?
CP: Sim. Os feitos
da crise faz-se sentir e bastante.
Portaaberta:
Ao longo destes anos de carreira, recorda-se de algum acontecimento que o mais
tenha marcado de forma indelével?
CP: Sim, recordo-me
de tantos. Fiz duas actuações que considero marcantes para toda a minha
vida, que decorreram no Hotel Tamanaco, também em Caracas e no Parque D’leste
onde se realização uma Concentração de Carros Antigos, que contou com a presença
do Presidente da República na altura, e membros do governo. Recordo também com
saudade que actuei em Colômbia, nomeadamente na cidade de Cúcuta.
Um outro acontecimento profundamente
marcante, está relacionado com uma exposição de pintura por mim realizada em
Valência na Sede do Clube de Caçadores, com temas alusivos aos barcos
moliceiros da ria de Aveiro, e quando abri oficialmente a dita exposição já todas
as obras estavam vendidas, o que motivou alguma perplexidade.
Portaaberta:
Enquanto artista com esta duplicidade de conhecimentos já alguma vez se sentiu
frustrado por não ter conquistado um espaço de revelo nos mídia?
CP: Já me senti
frustrado diversas vezes, mas, sobre essa pergunta entendo que não devo
adiantar nada mais. Já vive aqui no meu País aquilo que nunca se passaria na
Venezuela.
Portaaberta:
Espectáculos agendados a curto prazo?
CP: Nesta data
tenho apenas um agendado, que vai decorrer no complexo hoteleiro Riabela, mais
em concreto no dia 10 de Novembro.
Portaaberta:
As deslocações ao estrangeiro têm algumas previstas ou não?
Músico Carlos
Pinto numa das suas mais recentes actuações acompanhado de uma vocalista
|
CP: De momento não,
mas, estou disponível para me deslocar até onde for necessário desde que as
condições o permitam.
Portaaberta:
Na sua opinião como descreve o panorama musical português?
CP: Vejo com
preocupação. O que lhe devo dizer mais? Músicos a meu nível só faltam pagar
para tocar, quando na verdade a música é classifica como cultura. Os valores
das licenças são assustadores, sendo assim como podemos actuar em casamentos,
bares e restaurantes, etc. etc.? É bom não pensar nisto.
Portaaberta:
Pode dizer-se que alguns artistas acabam por deixar de cantar, o que gostam
para cantar o que mais se vende?
CP: Não sei o que
pretende saber sobre esta questão, mas, para mim a música latina é tudo, embora
a música portuguesa esteja com alguns ritmos latinos, que considero um bom sinal.
Portaaberta:
Como descreve a qualidade de artistas aveirenses, refiro-me a músicos e
pintores contemporâneos?
CP: É uma região
que tem dado ao mundo bons pintores e músicos, que o País não soube reconhecer
os seus méritos, contudo, lá fora conseguem o que aqui lhes foi negado, o que é
lamentável.
Portaaberta:
Como vê o presente cenário político considerando que o Carlos Pinto viveu
muitos anos no estrangeiro, quiçá a sua visão seja outra?
Os interessados em
contactar o Carlos Pinto para espectáculos podem fazê-lo através do contacto
neste cartão
|
CP: Fico
profundamente triste com o que me entra pelos olhos a dentro. Um País onde se
fala tanto de progresso e de evolução a todos os níveis, na prática o que
estamos a assistir é a uma destruição lenta, mas progressiva dos maiores
valores que levaram anos a erguer. Fome e miséria ambas de mãos dadas ante
quando?
Portaaberta:
No próximo dia 3 de Novembro, o Carlos Pinto é um dos Artistas aderentes ao 2º.
Espectáculo de Artistas Solidários a favor da ADASCA, que vai decorrer no Salão
da Junta de Freguesia de Cacia. Qual é a sua opinião sobre estas iniciativas?
CP: A minha opinião
sobre estas iniciativas é pela positiva, destaco aqui a missão desta associação
de dadores de sangue que conheço desde a sua fundação, o seu empenhamento na promoção
pela dádiva de sangue, tendo sempre como alvo os doentes que dele necessitam.
A minha participação musical neste 2º.
Espectáculo Solidário vai no sentido de ajudar dentro dos possíveis a angariar
alguns fundos para a associação.
Portaaberta:
Uma mensagem final para os seus fãs e aos leitores do Blog
aveiro123-portaaberta.
CP: Sinto-me muito
grato pela oportunidade que é dada não só por contribuir com esta entrevista,
mas ao mesmo tempo agradecer a todas as pessoas que me tem acompanhado ao longo
da minha carreira como músico e pintor, dizendo-lhes que ainda cá estou para as
curvas.
Obrigado pela entrevista. Desejo-lhe os
melhores sucessos para a sua carreira.
Entrevista conduzida por: Joaquim Carlos
(Jornalista)
Aveiro, 27 de Outubro de 2012
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