Banco Público de Sangue do Cordão Umbilical retoma colheitas
Publicado às 14.01
foto ADELINO MEIRELES/GLOBAL IMAGENS |
O banco público de sangue do cordão umbilical (Lusocord) vai reiniciar a colheita de dádivas mas, nesta fase, apenas na maternidade do Hospital de S. João, no Porto, nos termos de um protocolo assinado esta sexta-feira.
Em declarações aos jornalistas, o presidente do Instituto Português do Sangue e Transplantação explicou que o banco deixa de estar aberto para receber dádivas aleatoriamente, uma vez que selecionará "aonde colhe e como colhe" com base numa avaliação de critérios clínicos e genéticos, sempre com o objetivo de "ajudar melhor os doentes".
"Houve, portanto, aqui a necessidade de pensarmos nalguma alteração em relação a filosofia de colheita generalizada que, obviamente, se traduziu num enorme número de amostra para deitar fora", afirmou Hélder Trindade.
O responsável referiu que as colheitas do Lusocord vão começar com uma maternidade (a do S. João), mas, "logo que possível, será alargada a uma segunda, também no Grande Porto", assim que esteja concluída a formação das equipas que irão realizar as colheitas.
"Noutro passo vamos avaliar a população, em termos genéticos, para decidirmos quais as zonas onde interessa investir, se no Alentejo, no Algarve ou em Lisboa. É uma decisão que o banco público tem de tomar, porque é desta decisão que se aumenta ou diminui a população de doentes que se pode ajudar", sustentou.
Hélder Trindade explicou que o objetivo é "evitar colher na mesma população que já existe do CEDACE (Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão)" e, assim, diversificar as amostras no que se refere às suas características genéticas das células.
O responsável salientou ainda que "um banco de sangue do cordão não é como um registo de dadores vivos. Temos 310 mil dadores vivos e podemos ter 400 ou 500 mil porque os dadores circulam e transportam as células com eles e quando são precisos chamam-se e faz-se a colheita. Aqui não, aqui há um espaço físico que é ocupado pela amostra que tem de estar congelada, e esse espaço não é ilimitado".
"E todos os bancos quer em Portugal, como iremos fazer no futuro, quer noutros países do mundo vão definir qual é o número de amostras que consideram ideal para a sua população e, uma vez que esse número esteja definido, é esse o número que faremos", disse.
Em declarações aos jornalistas, o presidente do Conselho de Administração do Hospital de S. João, António Ferreira, admitiu que o protocolo agora estabelecido é também "muito bom" financeiramente para esta unidade, uma vez que irá receber 50 euros por cada colheita realizada.
Questionado pela Lusa, António Ferreira considerou que "a existência de um banco público é fundamental".
"Sem pôr em causa o direito público que é inalienável de cada casal poder comprar um serviço a uma instituição privada, é também fundamental que exista um banco público que permita que mesmo quem não doou, se necessário, possa ter acesso a células estaminais que podem significar a diferença entre a vida e a morte".
O banco público de sangue do cordão umbilical (Lusocord) passou para a tutela do Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST) em agosto e encerrou um mês depois, após terem sido detetadas irregularidades na gestão e nos procedimentos de recolha.
Segundo Hélder Trindade, desde 2009 foram recolhidas 28.416 unidades de sangue do cordão umbilical, das quais apenas 8.441 foram criopreservadas, tendo o IPST detetado contaminação em 21,6 por cento destas.
O Lusocord funciona no Centro de Histocompatibilidade do Norte (CHN), no Porto, que integra também o Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão (CEDACE).
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