11.23.2010

COMBATENDO O APOLITICISMO CONTEMPORÂNEO





COMBATENDO O APOLITICISMO CONTEMPORÂNEO

O problema político é, no momento presente, o grande problema dos povos, o problema número um das nacionalidades.
As massas desorientadas, sufocando, em seu próprio prejuízo, o escol social, ameaçam a Civilização no que ela tem de mais nobre - não propriamente o conjunto das modernas conquistas científicas, mas os princípios morais a cuja sombra a humanidade tem podido viver e desenvolver-se.

Esta indiferença é, porém uma realidade inegável, e isso já levou Angel Lopez Amo a abrir o seu livro que intitulou "La Monarquia de la reforma social", com as seguintes melancólicas palavras: "Falar ou escrever de política, em nossos tempos, é coisa tão necessária como arriscada. É necessária porque nunca como agora os povos marcharam, sabe Deus para onde, desprovidos de um pensamento político sério,
vociferando e debatendo-se com uma angústia que só é comparável à sua cegueira e ao seu pessimismo. Mas, ao tempo, homens e povos vão estando aferrados a uns princípios ilusórios, nos quais cifram nada menos do que os valores eternos da Humanidade: Liberdade, Democracia, Igualdade, Direitos do homem..."
Mas, como sentenciou o Marquês de Valdeiglésias - grande batalhador pela verdade política em Espanha - "serão inúteis todos os esforços individuais, todos os incitamentos, discussões e predicas dirigidas aos homens para que se capacitem da gravidade do momento e da importância das suas decisões, se, previamente, nada se tiver decidido sobre o grande problema da ordem política."
É portanto, um dever imperioso para os que têm responsabilidades, chamar insistentemente as atenções gerais para este problema humano.


Imagem da Assembleia da República

Muitos dormem um pr
ofundo sono político porque, tal como na parábola do Evangelho, ninguém apareceu a contratá-los para trabalhar. Outros andam desinteressados porque não se apercebem de que pode, de um momento para o outro, chegar a hora em que todos teremos que nos defender, mesmo contra a nossa vontade, para evitarmos de morrer ingloriamente.
E deste sono, e deste desinteresse resulta o apoliticismo, o grande mal desta geração, sobretudo porque, paradoxalmente, em tempo algum, como agora, as massas foram tão solicitadas, quase arrastadas a apoiar governantes ocasionais, saídos dos acasos das eleições, ou do jogo dos golpes de Estado. E este apoliticismo, que os próprios governantes fomentam, para que as massas sejam, mercê da sua ignorância, mais facilmente manejáveis e propendentes à docilidade, faz com que a participação destas na política, tenha deixado de ser um acto de inteligência, voluntário e consciente, para assumir todas as características de uma atitude passiva, quase irracional.
Combatendo o apoliticismo, não pretendemos fazer aqui a defesa de uma agitação política, esterilizante do labor da Nação. Entendemos, pelo contrário, que o cumprimento dos deveres políticos deverá ser um acto tão natural, tão despreocupado, como por exemplo, o dever profissional, não afectando qualquer dos outros deveres do homem, e enquadrando-se perfeitamente na sua vida normal.
O apoliticismo tem até o efeito de ser o primeiro e decisivo passo para o tripudio da tirania, na qual um povo está sempre em risco de cair, quando uma grande parte do seu escol se desinteressa dos problemas da governação pública.
É preciso, por isso, gritar a todos os desiludidos, aos saudosos das suas liberdades, aos arrependidos de antigas simpatias e colaborações, que o indiferentismo, abstenção, a apatia, nada resolvem, nada criam e de coisa alguma absolvem; e também esclarecer aqueles, que apesar de possuidores de espírito cívico, andam extraviados, ou correm sério risco de o serem, arrastados pelos erros filosófico-sociais que recheiam as doutrinas desumanas e satânicas. Fernando Amado disse certa altura que: "O povo tem direito à opinião; o povo tem direito ao diálogo; tem direito à crítica, tem direito a participar na vida política. E até, nas decisões graves tem direito a ser consultado. O Povo tem direito a estar presente na vida pública, representado o mais perfeitamente possível", o que não tem acontecido até aqui, porque caso contrário o País não estaria tão doente como está, tanto na área política como economicamente, quiçá a corrupção não teria minado esta sociedade em que estamos mergulhados, sem que dela nos vejamos livres.

Joaquim Carlos

* Imagem na Assembleia da República

Um comentário:

  1. Enviem-nos os vossos artigos versus opiniões
    Blog:aveiro123-portaaberta.blogspot.com

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