11.29.2010

A Felicidade não reside na Paz



A Felicidade não reside na Paz

Realizou-se recentemente um congresso, promovido pela Associação dos Parlamentares, vista à criação de um governo mundial. Estavam presentes delegados de 28 países, escolhidos entre os homens mais experientes dos nossos tempos os quais possuem as teses e as formulas mais lógicas e mais eficazes para conseguir uma paz permanente e definitiva, capaz de garantir a felicidade de todos os seres humanos, sem reservas e sem omissões.
As suas propostas resumem-se em três pontos, a saber:
- Um governo super-nacional, mundial; um tribunal de Justiça mundial para julgar todas as causas que surjam à face do planeta; um exército internacional para garantir a execução das decisões. Um trópico digno PASCAL: a razão, a justiça e a força, unidas num todo harmonioso e potente que imporia as suas regras e as suas leis ao mundo, desvendaria publicamente as manobras da juventude delinquente, arbitraria também as questões conjugais e todas as disputas entre os povos, e disporia de uma policia extra-forte, nuclear e imbatível, para trazer à razão, mercê, se necessário, dos meios mais convincentes, os sediosos, os burlões, os barulhentos, os comilões, os partidários de sistemas não aprovados pelo Olimpo, e os oposicionistas de toda a espécie.
Não haveria mais revoltas para dominar, mais reformas para discutir, mais revoluções, mais lutas, mais heróis da resistência, nem sequer heróis de nada.
A humanidade tornar-se-ia semelhante ao mundo astronómico onde os planetas, as estrelas, os cometas e todos os outros vínculos do arsenal cósmico giram, cada qual na sua órbita, e desempenham a sua função imutável nem comentário, desde o início dos tempos e até à eternidade.
Há talvez razão para perguntar se esta ambição de paz universal, a supressão da luta, de todo o esforço, a poltrona ao sol e o doce «não fazer nada» integral, sem riscos nem perigos, constituirão verdadeiro o ideal para que devem tender os povos, e o seu supremo de perfeição.
Já no âmbito de uma nação se observa o esforço para atingir uma forma de civilização considerada ideal, em que o esforço individual deixe de ser acalentado, onde se aconselham os cidadãos a evitar os riscos, a luta, a entregar-se de mãos e pés ligados aos poderes públicos, que os embalam, os adormecem, para melhor enredá-los nas malhas da lei, das ordens, das disposições, das obrigações, das proibições dos deveres, dos processos, da burocracia, das taxas; com um sistema e um comportamento que se parece muito ao das aranhas em relação à moscas.
Há, em suma, a tendência para reduzir a vida humana ao nível das aves, das formigas e das trémites, que têm uma forma de governo que remonta, imutável, ao dealbar dos séculos e que dá a estes insectos uma existência colectiva imposta, passiva, mecânica e regulada, sem possibilidade de desvios e sem imprevistos que não venham do exterior.
O protótipo da felicidade seria pois criado à imagem dos formigueiros. E os homens, que tem atrás de si centenas de milhar, ou milhões de anos de vida, teriam expresso ideias individuais da mais alta genialidade, originais e fecundadoras de outras ideias não menos geniais, e realizado e edificado em todos os campos obras esplêndidas, para concluir por fim que, para encontrar a felicidade e a perfeição, nem regime ideal de sociedade, é necessário descer ao nível dos insectos que, no entanto, não ignoram o assassínio nem a guerra!
É certo que o aumento da natividade e as possibilidades de realizações de toda a espécie que se estão verificando em todos os sectores de actividade, impõem hoje à humanidade normas de viver que seriam inconcebíveis apenas há 100 anos, barreiras que devem ser ultrapassadas, regras e directrizes inumeráveis para observar.
É também verdade que este progresso material da espécie humana, com os novos meios que ciência pôs à sua disposição talvez um pouco prematura e imprudentemente, trouxe a certeza e a ameaça de terríveis catástrofes e agitações infindáveis; e que estas ameaças são feitas mais para induzir a gente à renúncia e ao abandono do que à afirmação e desprezo dos próprios direitos e das próprias liberdades individuais.
Mas a vida dos indivíduos tem a suas prerrogativas, e é feitas de vontade, iniciativa, de vitórias e derrotas, de sucessos e insucessos, de mutações e movimento.
A calma e a uniformidade, o conformismo, e o resignar-se sem objectar e sem lutar perante toda a espécie de imposições, é a morte da inteligência e da alma e uma antecipação da morte física que se aproxima já, fatalmente, talvez até com indesejável presteza.

Por Jean Prieud

NB: Encontrei este artigo no meu arquivo, onde existiu durante alguns anos, desconheço eu a sua origem, cuja tradução fica muito aquém do que seria desejável, mas, creio que o seu objectivo é claro: criar um Governo Mundial.



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