Mensagem
Alusiva ao 6º. Aniversário da ADASCA
Quando
no mês de Julho do ano de 2006 fui confrontado com as condições a que os
dadores ficaram sujeitos num determinado espaço nesta cidade, após o Hospital
de Aveiro ter deixado de efectuar colheitas de sangue, o impulso que me invadiu
e motivou a fundação desta associação para que tudo fizesse para alterar o
estados de coisas a que estávamos sujeitos, a minha saúde mental não devia estar
nas melhores condições.
Este
não é o momento para dar a conhecer o historial da única associação de dadores
de sangue com personalidade jurídica existente no Concelho de Aveiro. Devo
dizer-vos que, estou em conflito com a minha consciência. Procuro uma solução
para o dilema. As aparências confundem, vivemos demasiado preocupados com a
imagem. Fica-se com percepção que o que conta é a imagem e não tanto os
resultados do trabalho. Mandam a verdade e os factos que deixe claro que:
-
É inacreditável o retrocesso que foi imposto por força da ganancia financeira
do Ministro da Saúde quando decidiu retirar aos dadores o único incentivo e
reconhecimento público pela dádiva de sangue. A reposição plena das taxas
moderadoras aos dadores em todos os serviços do SNS transformou-se num problema
demasiado sério, em que o Ministro da Tutela não quer resolver. Prefere
recorrer aos apelos públicos a roçar o dramático, manipulando o sofrimento dos
doentes e seus dos familiares do que servir-se da solução. Consideramos que é
perfeitamente justa a reposição integral isenção, porque o sangue que doamos
representa mais de 50 milhões € anuais para a economia do Estado, caso
contrário teria de o comprar ao estrangeiro, se é que neste momento isso não
está já a acontecer ao abrigo de segredo de Estado, porque a quebra foi bem
superior aos 12% em 2012.
Não
assistimos presencialmente ao debate sobre a Petição nº 89/XII/1ª no pretérito
dia 16 de Janeiro, que visava a reposição dos incentivos retirados aos Dadores.
Segundo nos foi transmitido, o espectáculo teatral a que assistiram colegas
nossos nas galerias da AR, foi mais além do que a vergonha: foi humilhante. A
notória falta de respeito das bancadas do PSD e CDS, as mesmas que rejeitaram a
referida Petição, traduziu-se numa violação pelo princípio da dignidade do
dador de sangue em todas as áreas. Para além da iniquidade do DL 113/2011 de 29
de Novembro e dos riscos que ele representa, a falta de respeito que ele traduz
em relação aos sentimentos dadores de sangue, está montado e em marcha um
negócio que, como está demonstrado, ninguém se atreve a defender com um mínimo
de seriedade e convicção.
Autor da Imagem:
Ricardo Carvalhal
|
Por
sua vez o IPST secundariza os dadores, aliás, a questão da isenção das taxas
moderadores deixou de ser assunto numa tentativa de branquear a escassez de
sangue e componentes sanguíneos. Uma coisa é dizer o que se pensa e não querer
dar a cara, como sucedeu quando o Presidente do IPST nos classificou de
terroristas de sangue, vai fazer um ano, sem que tenha sido apresentado um
pedido de desculpas.
Nesta data a ADASCA congrega cerca de 3188
dadores inscritos na qualidade de associados, sem que paguem qualquer valor de
cotas ou jóias e ainda podem beneficiar de um vasto conjunto de Protocolos,
extensivos aos seus familiares mais directos. Nós damos, o Ministro da saúde
tira. Que paradoxo…
No ano transacto a ADASCA realizou 56 brigadas
de colheitas de sangue, que se traduziu em 2497 inscritos, destes resultou cerca
de 1942 dádivas aprovadas e 534 dadores suspensos. É verdade que podíamos ter
ido mais além, se para tal houvesse motivação. Não podemos aceitar a contínua
invenção de desculpas para justificar o injustificável, a ausência dos dadores
dos locais de colheitas, tais como os custos dos combustíveis e deslocações
entre outras, nada disso. Tanto o Ministro da Saúde como o IPST estão a colher
os resultados de um DL cínico, iníquo e inaceitável, que a todos devia
envergonhar.
A
causa principal está associada com a retirada da isenção das taxas nos hospitais
e pela forma como somos atendidos nos serviços do SNS, onde muitas vezes somos
humilhados.
O
ministério da saúde e por sua vez o IPST, que são tão rigorosos com as contas,
numa lógica de contenção de despesas custe o que custar, já contabilizou
porventura, quanto já poupou com o aluguer da Sede e Posto Fixo da ADASCA ao
longo destes 6 anos, considerando que é o beneficiário directo com os
resultados do nosso trabalho?
Estamos
isentos de todas estas despesas e de outras, graças ao apoio incondicional da
Câmara Municipal de Aveiro, caso contrário já nem existíamos por falta de
apoios.
Os
recursos humanos que têm sido disponibilizados ao longo destes 6 anos em prol
da dádiva, com as despesas inerentes a tudo o que possamos pensar não podem
ficar de fora. A causa é soberana, socialmente louvável porque tudo é feito em
prol dos doentes. Estamos de acordo. Será mesmo assim? No ano transacto afirmei
por diversas vezes que, o Ministro da Saúde com uma mão tira-nos o sangue, e
com a outra vai-nos à carteira no momento em que somos obrigados a pagar os
valores das taxas moderadoras onde não devíamos. Quanto é que já lucrou com
esta imposição humilhante contra os dadores? Quiçá, uns trocos. Não nos
classifique de heróis, porque na verdade o herói é o Ministro Saúde, pelo facto
de não reconhecer publicamente erro que cometeu e a injustiça que está as ser
praticada. Só há uma espécie de dadores: os que dão. E dar é um acto voluntário que exige um decisão pessoal, consciente e assumida, que deve ser
valorizada e reconhecida publicamente através da isenção das taxas moderadoras.
Admiravelmente
o Estatuto do Dador de Sangue nem sequer ainda foi regulamentado como determina
a Lei. Será que vai demorar tantos anos como o famigerado seguro do dador que
já decorreram 22 anos sem que nada tenha sido feito de concreto? Isto não é evolução
em prol do dador de sangue, fique claro, trata-se de um retrocesso.
O
que está a acontecer nos Centros de Saúde do Distrito de Aveiro é inacreditável,
trata-se de uma clara violação moral, um atentado aos direitos históricos, e
aos sentimentos mais altruístas dos dadores, pelo que apelamos aos Srs.
Deputados que muito nos honraram com a vossa presença neste 6º. Aniversário, tudo
façam no que estiver ao alcance de cada um, no sentido de que a reposição da
isenção que vimos reclamando seja uma realidade o mais breve possível, sob pena
de sofrermos uma quebra de dádivas nunca antes registada no historial do IPS.
Nesta
data, informamos que a ADASCA já apresentou três queixas junto das entidades
competentes por forma a apurar responsabilidades pela cobrança das taxas
moderadoras que vem sendo corrente nos Centros de Saúde do Distrito de Aveiro,
pois não podemos ficar indiferentes a este injusto procedimento administrativo.
Termino
esta mensagem com a seguinte frase: “O lobo talvez mude a pele, mas nunca a
alma” Erasmo de Roterdão (1466-1536), é isso que sentimos, falta de confiança e
de motivação.
Joaquim
Carlos
Fundador/Presidente
da Direcção da ADASCA
Aveiro,
16 de Fevereiro de 2013
NB:
mensagem lida na cerimónia de comemoração do 6º. Aniversário da ADASCA
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