Instituto do
Sangue foca-se nos novos dadores para travar quebra de 6% nas colheitas
ROMANA
BORJA-SANTOS 12/12/2014 - 20:33
Campanha
“Dador 1.ª Vez” conta com música de Luísa Sobral. Quem se estrear nas dádivas
leva diploma para casa.
As
reservas do país estão garantidas e, qualquer que seja o grupo sanguíneo dos
doentes, há unidades de sangue suficientes para mais de dez dias. Mas, perante
a saída de jovens do país e o envelhecimento da população, o Instituto
Português do Sangue e da Transplantação (IPST), lançou uma nova campanha que se
foca precisamente nos novos dadores, visto que até ao final de Outubro houve
uma quebra de 6% nas colheitas de sangue. Uma tendência que é preciso estancar.
“Temos
como principal objectivo cativar os dadores que o fazem pela primeira vez e ao
pensarmos em dadores de primeira vez estamos a pensar predominantemente nas
camadas mais jovens da população. As reservas têm estado garantidas, mas temos
de preparar o nosso futuro, pois temos uma população muito envelhecida e muitos
jovens a deixar o país”, explicou ao PÚBLICO o presidente do IPST, alertando
que na altura do Natal, seja pelas férias como por doenças como a gripe,
costuma haver uma quebra nas reservas.
De
acordo com os dados avançados por Hélder Trindade, até ao dia 31 de Outubro
deste ano foram recolhidas 163.090 unidades de sangue, quando no mesmo período
do ano passado tinham sido 173.617 – o que representa uma quebra na ordem dos
6%. Quando ao número de dadores, no ano passado foram registados 26.760 dadores
de primeira vez, representando este grupo quase 20% do total de inscritos.
A
descida nas colheitas foi, no entanto, compensada pela redução do número de
unidades de sangue utilizadas pelos hospitais, que caiu em relação aos anos
anteriores. “As cirurgias são cada vez menos invasivas, existindo cada vez mais
procedimentos por endoscopia. A grande cirurgia é cada vez mais uma minoria”,
exemplificou o presidente do IPST, alertando, ainda assim, que com o
envelhecimento da população a pressão colocada sobre a prestação de cuidados de
saúde vai ter tendência para aumentar.
Quanto
à campanha intitulada “Dador 1.ª Vez” e apresentada nesta sexta-feira pelo
IPST, Hélder Trindade adiantou que segue a tendência do instituto de comunicar
de forma mais directa com os potenciais dadores e com uma linguagem mais
dirigida aos jovens. “A campanha conta com uma música de Luísa Sobral sobre dar
sangue, que espero que seja muito badalada. Em Janeiro e Fevereiro vamos também
contar com spots com o Nuno Markl”, acrescentou o responsável, explicando que a
campanha conta com anúncios para rádio, televisão e em superfícies comerciais
que ilustrarão de forma cómica o acto de dar sangue pela primeira vez. Quem
aderir receberá, também, um diploma.
“Queremos
aproximar-nos dos mais jovens e com o diploma lembrar que devem continuar a
dar. Hoje para ti, amanhã para mim. Se cumprirmos o nosso dever social de
solidariedade nós também estamos seguros. Pode ser um pouco egoísta dizer-se
isto assim, mas sabemos que é verdade”, defendeu Hélder Trindade. A campanha
associada à série The Walking Dead, apesar das críticas, também vai continuar.
“Neste ano conseguimos 760 dádivas da campanha e 70% foram de novos dadores”,
afirmou o presidente do IPST, considerando que este é um exemplo de que devem
“estar onde estão os mais novos”.
Em
relação ao facto de desde há três anos os dadores terem perdido a isenção nas
taxas moderadoras, Hélder Trindade reconhece que discorda da medida, mas
acredita que esta mudança não está a afastar as pessoas, estando mesmo
ultrapassada. Ainda assim, admite que as dificuldades no trabalho e em pagar
transportes podem afastar alguns dadores.
Postado
por Joaquim Carlos
Comentários:
O Dr. Hélder Trindade desde que iniciou funções no Conselho Directivo do IPST,
tem apresentado um conjunto de justificações para todas as quebras de dádivas
de sangue, decorreram elas em qualquer época do ano, empurrando para o lado da
irresponsabilidade as medidas legislativas que foram implementadas pelo
ministério da saúde.
A
causa principal prende-se com a retirada da isenção das taxas moderadoras aos
dadores de sangue nos hospitais públicos, ainda que as dificuldades de ausência
do trabalho e em suportar os custos dos transportes possam condicionar as
deslocações dos dadores, todos os dirigentes associativos reconhecem isso.
A
retirada da isenção nos hospitais públicos continua a ser assunto sério para os
dirigentes associativos, causa que não vamos permitir que seja empurrada para o
fundo de qualquer gaveta.
“A
campanha associada à série The Walking Dead, apesar das críticas, também vai
continuar.” Esta a sua afirmação categórica, o mesmo é dizer que a falta de
respeito pela dignidade do dador vai continuar, porque a necessidade justifica
recorrer a todos os meios, até aos mais indignos…
Quiçá,
alguns dirigentes tenham que recorrer a meios pouco simpáticos para pôr termo a
esta falta de vergonha, que classificamos de comércio descarado de sangue
humano em Portugal.
Note-se
que, apesar do descontentamento generalizado da maioria dos dirigentes
associativos, ainda não foi pedida a demissão do Dr. Hélder Trindade, por uma
questão de delicadeza e humanismo pelas responsabilidades que as funções exigem…
mas, não está descurada uma tomada de posição sobre essa possibilidade.
O
Dr. Hélder Trindade, nunca se decidiu estar presente nas Convenções Nacionais
de Dadores, para ali nos transmitir as suas preocupações, e o que pretende
implementar no futuro nos Centros Regionais de Sangue. Porque será? Mas, na
primeira oportunidade, serve-se da imprensa para nos enviar recados e apontar o
dedo acusatório.
Uma
vez que as federações nada têm feito para inverter certos acontecimentos,
alguém vai ter que, em breve tomar decisões/posições pouco agradáveis para o
Dr. Hélder Trindade.
O
IPST não pode continuar barricado no diálogo com os dirigentes associativos. Cada
vez mais se justifica o surgimento de uma nova estrutura de âmbito nacional,
para intervir na área jurídica para que, os dadores se sintam convenientemente representados,
e não serem usados em jogos de gabinete pouco claros, em nada dignificando o
gesto de doar sangue. Uma questão de tempo.
Haja
RESPEITO por quem se disponibiliza para doar o que seu corpo produz. As
pessoas “vendem-se” por pouco, os valores de consciência são com frequência manipulados.
Seja
reposta a isenção das taxas moderadoras aos dadores nos hospitais públicos, na
certa que, os que deixaram de comparecer regressarão. Façam a vossa parte, e
nós fazemos a nossa.
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