Imagens da
zona habitacional da Forca em Aveiro (2)
"Fotografar
é recortar um determinado espaço em uma específica fracção de tempo. Os grandes
fotógrafos são aqueles que conseguem ultrapassar essas limitações, fazendo com
que essa determinada imagem transcenda molduras e retenha o tempo em seu
momento mais preciso." (desconheço o autor)
A
cultura em si pode ser classificada como uma relação complexa entre a
sociedade, o individuo e as relações humanas. Weber dizia que o homem é um
animal amarrado em teias de significados que ele mesmo teceu, a cultura é um
exemplo de teia criada pelo homem, ele mesmo criou e é rodeado por ela.
Para
Marcuse, a dominação funciona como administração total das necessidades e
prazeres, escravizando o homem no trabalho e no lazer, preenchendo o tempo
livre dos indivíduos com programações dirigidas, fabricando uma humanidade apta
a consumir objectos inúteis, cuja obsolescência fora desejada. (apud, NAZÀRIO, 1998, p.84).
A
sociedade contemporânea, diluída e efémera, constrói padrões de aceitabilidade
social que conflitam com o perfil almejado por muitos indivíduos. Comentando
sobre a cultura do consumo, as pessoas gastam dinheiro que não possuem, para
comprar coisas que não necessitam, para impressionar pessoas que não conhecem.
“Em
plena cultura do individualismo, da independência pessoal e da liberdade (como
valores dominantes), vive-se uma espécie de mais-alienação, de rendição absoluta
ao brilho não exactamente dos objectos, mas da imagem dos objectos. Mais ainda:
rendição ao brilho da imagem de algumas personagens públicas identificadas ao
gozo que os objectos deveriam proporcionar” (BUCCI & KEHL, 2004, p. 65).
“...
a crença na independência radical do ser individual em relação ao todo nada
mais é do que uma aparência. A própria forma do indivíduo é a forma de uma
sociedade que se mantém viva em virtude do mercado livre, no qual se encontram
sujeitos económicos livres e independentes.” (HORKHEIMER & ADORNO, 1973, p.
53)
Vivemos
uma época em que tudo gira em torno da imagem. Segundo Bucci; Kehl (2004), os
mitos, hoje, são muito olhados. “São pura videologia” (p.16). Está sempre
atendendo aos interesses do poder, mas segundo os autores, este poder não é bem
o poder político, como imaginamos, nem o poder de um grupo. O poder, segundo
Debord, citado pelos autores, “é a supremacia do espectáculo - a nova forma de
modo de produção capitalista - sobre todas as actividades humanas” (p.20).
Enfatizam que o capitalismo contemporâneo é um modo de produção de imagens. Que
no século XIX o objectivo era desmascarar o carácter burguês do estado, mas, no
século XXI, devemos compreender e decifrar os mecanismos pelos quais a
política, a religião, a ciência, a cultura e as formas de representação que convergem
para a imagem, só circulam e adquirem existência como imagem, que a tudo
subordinam.
A
desinformação tem como objectivo influenciar a opinião pública, difundindo
mentiras que parecem verdades. Para os agentes da desinformação o ideal
consiste em descobrir o jornalista de “boa-fé”, porque, por definição este é
ingénuo, facilmente influenciável. Também se pode dar o caso de ser difundida
uma “informação tendenciosa”: para tal, infiltra-se um jornal respeitado pelo
público e toda a imprensa lhe seguirá as pisadas.
Contudo,
além de não podermos subestimar o poder da influência da mídia na vida das
pessoas, também não podemos ignorar a importância desta caso seja utilizada de
forma mais ética e consciente. Quero dizer que o poder que os veículos de
comunicação têm para mobilizar as pessoas é muito grande e pode ser usado para
o bem ou para o mal.
Campanhas
de doação de sangue, de vacinação, de incentivo à reciclagem, para economizar
água, pela paz, para ajudar pessoas, e muitas outras, quando divulgadas e
incentivadas pela mídia ganham proporções enormes e trazem resultados muito
além do esperado.
Segundo
Marilena Chauí : “A produção ideológica da ilusão social tem como finalidade
fazer com que todas as classes sociais aceitem as condições em que vivem,
julgando-as naturais, normais, correctas, justas, sem pretender transformá-las
ou conhecê-las realmente, sem levar em conta que há uma contradição profunda
entre as condições reais em que vivemos e as ideias”.
Actualmente,
a imagem penetra amplamente em todos os momentos de vida humana, fazendo com
que o cidadão se torne um receptor constante da comunicação visual.
Como
defendia o filósofo alemão Walter Benjamin, as imagens adquiriram um novo valor
de uso: o "valor de exposição" ou de proximidade.
McCurry
fez esse retracto imortal bem antes da disseminação da internet e do surgimento
do smartphone. Agora, em um mundo anestesiado pela avalanche diária de imagens,
conseguiriam ainda os olhos da menina nos dizer algo urgente sobre nós mesmos e
sobre a ameaçada beleza do planeta que habitamos? Para mim, a resposta
afirmativa é mais do que óbvia.
"A
fotografia representa um papel importantíssimo no desenvolvimento da
arte." - Gustave Le Gray
"A
fotografia representa um papel importantíssimo no desenvolvimento da
arte." - Gustave Le Gray
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