Dadores. Hospitais devem mais de 75 milhões ao
Instituto Português do Sangue
O
presidente da associação de dadores do Baixo Mondego frisou ainda que as
direções das associações "têm pago do próprio bolso" as iniciativas
de recolha de sangue que promovem, não possuem verbas "para
sobreviver" e exigem "respeito" por parte do governo
Os hospitais portugueses devem mais de
75 milhões de euros ao Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST),
situação que condiciona a atividade daquele organismo, disse hoje o presidente
de uma associação de dadores.
Em declarações à agência Lusa, à margem
da 4ª Convenção Nacional de Dadores de Sangue, que decorre hoje na
Carapinheira, Montemor-o-Velho, Artur Jorge, presidente da Associação de
Dadores do Baixo Mondego, afirmou que "a partir da dívida dos hospitais,
muita coisa corre mal" no setor.
De acordo com dados do Ministério da
Saúde, hoje divulgados na reunião, a 31 de dezembro de 2013 a dívida acumulada
dos hospitais públicos portugueses por serviços de recolha de sangue prestados
pelo IPST ultrapassava os 68 milhões de euros.
No mesmo período, a dívida acumulada das
unidades de saúde privadas superava os 07 milhões.
"Há unidades de recolha paradas a
nível nacional. Brigadas que são canceladas porque não há motoristas e não há
verbas para suporte administrativo", afirmou Artur Jorge.
"Mas depois quem vai recolher o
sangue vai de autocarro, cinco pessoas num autocarro de 55 lugares, para isso
parece que já há dinheiro", desabafou, aludindo a uma iniciativa que
decorreu nos meses de verão, na Figueira da Foz, em que a unidade de recolha
"teve de vir do Porto porque em Coimbra não havia motorista".
Os dadores de sangue exigem que o Estado
"que é tão forte com os fracos e tão fraco com os fortes" cobre as
verbas em dívida aos hospitais, contribuindo para "repor a
normalidade" no setor do sangue.
O presidente da associação de dadores do
Baixo Mondego frisou ainda que as direções das associações "têm pago do
próprio bolso" as iniciativas de recolha de sangue que promovem, não
possuem verbas "para sobreviver" e exigem "respeito" por
parte do Governo.
"Até a [isenção da] taxa moderadora
nos foi tirada. Não fomos nós que a pedimos, era uma retribuição, um
agradecimento público aos dadores", sustentou.
Na reunião, que decorre ao longo do dia
de hoje, estão presentes uma federação e 15 associações, representativas de
vários milhares de dadores de sangue.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do
novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa
Jornal i edição - Por Agência Lusa
Publicado em 4 Out 2014 - 15:08
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