PARQUE DA
SUSTENTABILIDADE: ONDE ESTÁ O AMBIENTE?
O
Parque da Sustentabilidade é um projecto liderado pela Câmara Municipal de
Aveiro e foi aprovado através do Programa Operacional MAIS CENTRO – Parceiras
para a Regeneração Urbana. Afirmar a cidade de Aveiro como um espaço de
inovação, de competitividade, criando um espaço com renovado interesse para os
munícipes e visitantes, é o objectivo principal da intervenção no Parque da
Sustentabilidade. A área de intervenção deste projecto integra 199.106m2,
abrangendo as seguintes zonas: Bairro do Alboi, Baixa de Santo António, Parque
D. Pedro, Parque Mário Duarte e Rua das Pombas, conforme a figura junto. O
Projecto representa um investimento de 14 M€ repartidos por 17 projectos, com
uma duração de 36 meses.
O
conceito de SUSTENTABILIDADE deve ser pensado com a lógica da sua génese, na
definição de desenvolvimento sustentável: satisfazer as necessidades presentes
sem limitar as gerações futuras de satisfazerem as suas, numa gestão equilibrada
dos domínios económico, ambiental e social (diria a sabedoria popular: “não
comas hoje as sementes que precisas para a sementeira de amanhã”).
Assim,
e limitando-me ao domínio ambiental, ele assenta nos três grandes recursos:
solo, água e ar (deixa-se de fora a biodiversidade, por razões óbvias de área
urbana).
Solo:
é o recurso mais escasso que existe à “superfície” da Terra. Na Terra, “aldeia
global” em que vivemos, reconhecemos a fragilidade e vulnerabilidade da “nave
terrestre”. Mas, só a poderemos preservar do aniquilamento pelo carinho, pelo
trabalho, eu direi mesmo, pelo amor que dedicarmos a esta frágil embarcação. O
espaço do Parque deve ser eficazmente utilizado para cumprir estes objectivos
da sustentabilidade. Esta é a melhor e mais eficaz ocupação desse recurso
escasso? Serve os munícipes e os visitantes e adequa-se às suas maiores
aspirações?
Água:
é um recurso limitado na forma utilizável (menos de 0,1% da água que existe no
planeta). Sabemos que a procura ultrapassa a oferta do recurso devido ao
crescimento populacional e a sua qualidade degradou-se. A gestão da água como
recurso limitado foi considerado um dos maiores falhanços do século XX… e o
maior desfio do século XXI. Mas também é um potencial de fornecimento de
energia. Existe no Parque uma linha de água e um lago que devem ser vistos na
perspectiva lúdica (e por isso manter a sua quantidade e qualidade), mas também
no apoio à sustentabilidade energética do Parque. Há infra-estruturas de rega
que usam esta água sem recuso a energia adicional? Serão aproveitadas as águas
pluviais em todo o Parque e edifícios nele integrados? Prevê-se que a linha
água e o lago do Parque Infante D. Pedro estejam ligados ao restante Parque, em
especial à Baixa de Santo António?
Ar:
é um recurso único, é omnipresente e não está confinado por fronteiras físicas.
Talvez por isso, a maioria das pessoas tem o conceito errado de que a poluição
do ar se dispersa, simplesmente, ao longo do tempo, através da vastidão da
atmosfera. No entanto, um ser humano alimenta-se de cerca de 2 kg de alimentos
sólidos e líquidos por dia, mas respira 16 kg de ar por dia… Logo a qualidade
do ar que se respira tem um efeito determinante na saúde humana! Hoje em dia é
possível usar ferramentas matemáticas e laboratoriais (túnel de vento) para
conhecer em detalhe a qualidade do ar nas ruas, praças, parques, etc.. Sabe-se
que a Av. Artur Ravara é uma via de intenso tráfego rodoviário (cerca de 14.000
veículos por dia) e separa o Parque Infante D. Pedro da Baixa de Santo António.
Não havendo nenhuma solução para reduzir/eliminar este tráfego no âmbito do
Parque da Sustentabilidade, como se espera minimizar os efeitos das suas
emissões na qualidade do ar? Quais são as zonas de elevadas concentrações em
todo o Parque, mas em especial no Jardim Infante D. Pedro (com uma orografia
complexa) e na Baixa de Santo António (onde se pode aproveitar a sua orientação
em relação aos ventos predominantes)? O Bairro do Alboi não pode ser esquecido
face ao previsível aumento de tráfego. Um modelo em escala reduzida do Parque
da Sustentabilidade para ensaio em túnel de vento daria inúmeras respostas
sobre estas e outras situações de qualidade do ar.
Em
jeito de epílogo: A nossa relação com o mundo natural está a mudar, mas não a
nossa dependência dele. A forma como organizamos a nossa economia depende desta
relação – não há nenhuma sociedade sem ambiente, mas existem ambientes sem
sociedades!
Professor
Universitário - Universidade de Aveiro
Grupo
Aveirílhavo - Plataforma Cidades
Publicada
por João Condinho Vargas à(s) 16:06
TERÇA-FEIRA,
18 DE MAIO DE 2010
Etiquetas:
Ambiente, Parque da Sustentabilidade
Comentários: considerando o
interesse público e jornalístico deste texto de opinião, tomo a liberdade fazer
uso do mesmo sem qualquer juízo de valor.
Se
me perguntarem qual a minha opinião sobre as obras que foram realizadas e ainda
continuam, é tão somente esta: desnecessárias numa fase em que se ouve por todo
o lado, que não há dinheiro. Se não há dinheiro, quem paga as obras aos empreiteiros
e aos fornecedores dos materiais? Lamento não haver responsabilidade criminal a
imputar aos presidentes de Câmara que endividaram a Câmara que presidiram.
Estas
obras mais não visam do que enterrar dinheiro sem o ter (?), o munícipe que
pague através do aumento de taxas municipais.
Postado
por: Joaquim Carlos
Imagens
exclusivas do Coordenador do Projecto de Imagem e Comunicação. Estas imagens
podem ser usadas desde que seja feita referência da sua fonte de origem.
Fotorreportagem
do Parque de Sustentabilidade de Aveiro – Baixa de Santo António
Seria interessante que os leitores deste Blog dessem a conhecer as suas opiniões. Desde que os comentários não contenham termos ofensivos, serão aceites vs. publicados.
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