OS TENTÁCULOS DA POLÍTICA PORTUGUESA
O Império de Rui Machete.
Foi uma das revelações com mais impacto
no espólio de 800 telegramas da embaixada norte-americana em Lisboa revelados
há dois anos pelo Expresso e que fazem parte do acervo de uma das maiores fugas
de informação protagonizadas pelo Wikileaks.
Num relatório enviado a 15 de Dezembro
de 2008 para o Departamento de Estado em Washington pelo então embaixador dos
EUA em Portugal, Thomas Stephenson, Rui Machete era arrasado pela forma como
geriu ao longo de duas décadas a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento
(FLAD), visto como "suspeito de atribuir bolsas para pagar favores
políticos e manter a sua sinecura".
O embaixador norte-americano, nesse
telegrama, argumentava que "chegou a hora de decapitar Machete" com
base, entre outras coisas, no facto de a fundação "continuar a gastar 46%
do seu orçamento de funcionamento nos seus gabinetes luxuosos decorados com
peças de arte, pessoal supérfluo, uma frota de BMW com motorista e 'custos
administrativos e de pessoal' que incluem por vezes despesas de representação
em roupas, empréstimos a baixos juros para os trabalhadores e honorários para o
pessoal que participa nos próprios programas da FLAD".
Rui Manuel Parente Chancerelle de
Machete, de 73 anos, tornou-se administrador da FLAD em 1985, logo quando a
fundação foi criada com dinheiro dos EUA no âmbito do acordo das Lajes,
tornando-se seu presidente em 1988. Foi substituído no cargo por Maria de
Lurdes Rodrigues em 2010.
Apesar de ter sido presidente durante
vários anos do Conselho Superior da SLN, a sociedade que foi proprietária do
BPN, o banco nacionalizado pelo Estado em 2008 e que envolve um custo de mais
de quatro mil milhões de euros para os contribuintes, esse facto não consta do
seu currículo oficial.
Machete também foi, entre muitos outros
cargos, presidente do Conselho Fiscal do Taguspark, sociedade que se viu
envolvida num processo-crime a propósito de um contrato publicitário com o
ex-futebolista Luís Figo e de ligações consideradas suspeitas à campanha para a
reeleição do então ex-primeiro ministro socialista José Sócrates, em 2009.
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