1.01.2011

COMPREENSÃO MÚTUA


COMPREENSÃO MÚTUA

Na união de um homem e de uma mulher, felicidade tem bases profundas e seguras: nasce da compreensão e da confiança e realiza-se da compreensão e da confiança e realiza-se um pouco todos os dias com a estima e o respeito recíproco.
Muitas vezes o erro está no início. Começa-se por considerar essa união como uma meta, um ponto de chegada, em vez de nos apercebermos de que é uma conquista lenta e progressiva, um compromisso que exige tempo e paciência, muito boa vontade e uma enorme dose de compreensão.
O homem ou a mulher ideais são assuntos que merecem ser ponderados. Há sempre quem mantenha e nos queira dar a este respeito uma interpretação pessoal, que tem o mérito, pelo menos, de permanecer «ideal», precisamente porque não é realizável.
Uma perfeita união é feita de um homem e de uma mulher que resolveram viver em conjunto, justamente porque compreenderam que têm necessidade um do outro.
Nenhum dos dois é perfeito, porque a perfeição, em boa verdade, nem sequer existe. Os defeitos são muito importantes, mas não devem ser encarados exclusivamente como um facto negativo, absolutamente condenável, que inspire horror e desprezo. Os defeitos numa pessoa são o ponto mais fraco, e no homem constituem o aspecto que tem mais necessidade de auxilio e de protecção, e uma mulher de valor deve compreender esta circunstância, e compreendê-la-á se desejar estar próxima dele nos momentos difíceis, naquelas conjunturas em que ele não está em condições de reagir sozinho.
Esta missão n
ão é simples, certamente, mas compete à mulher a responsabilidade de a realizar não só através dos filhos, mas também contribuindo para a tranquilidade e a harmonia familiares. 

Tudo isto ela pode conseguir sozinha, se souber ser compreensiva. A sua espontaneidade, a sua intuição, que a orientarão nas situações mais delicadas e que lhe permitirão intervir com a discrição até onde lhe é dado ir, são as qualidades indispensáveis que nunca devem ser menosprezadas.
Os tempos mudaram e o modelo da dona de casa, cujo emblema era o avental a todas as horas do dia, já não conta entre as aspirações dos maridos da nossa época. O mito da mulher caseira, encerrada entre as paredes do lar, com a única alternativa de um trabalho que a revezava entre os filhos e a cozinha, está ultrapassado. Hoje, ela deve impor-se contra a perda das melhores tradições, e deve estar à altura de saber defender com inteligência a sua felicidade e saber perdoar-lhe, a ele, as pequenas fraquezas humana.

SABER CALAR-SE
As funções da dona de casa não se modificaram por estes motivos, mas tornaram-se mais difíceis porque são mais complexas. A vigilante do fogão doméstico de outros tempos, transformou-se na orientadora de uma casa moderna, onde os aparelhos caseiros, a televisão e o automóvel anularam aquele aspecto sediço e típico da boa dona de casa de há cinquenta anos. A sua casa está aberta, penetra nela a vida exterior, juntamente com os companheiros dos filhos e os amigos do casal.
Manifesta-se em cada um dos membros da família um maior espírito de independência, de uma vontade que anima a proceder segundo as próprias intenções ou os próprios desejos, e os familiares pretendem que a mulher tenha consciência de tudo isto, do mesmo modo que fez quanto ao frigorífico e à máquina de lavar roupa que representam as exigências do seu tempo.
Hoje, a felicidade do homem e da mulher deixou de ser um problema que só encontra o seu ambiente dentro de casa. A intimidade doméstica alargou os seus limites até horizontes talvez menos válidos. A mulher não pode recusar-se a ficar alheia ou a evitar esta evidência dos factos. Deve procurar adaptar-se com sistemas que excluam as oposições decididas ou as atitudes violentas. O seu silêncio é muitas vezes o melhor meio de fazer face a uma situação desagradável, ou de terminar uma discussão que poderia ter consequências difíceis.
A mulher tem de saber calar-se no momento oportuno, mas fazê-lo sem ostentação, sem assumir um tom de superioridade perante as evidências dos factos mesquinhos.
Para que serve reclamar o amor pela justiça ou fazer valer a própria causa pelo triunfo da verdade, quando isto deve ser resolvido em questões muito mais graves do que o motivo que as suscitou? A união dos dois é muito diferente de um tribunal de acusação são a culpa ou a razão. Os contratempos de pouca importância têm um valor muito relativo, no entanto, originam a discussão, e por isso é que devem ser receados.
A felicidade é, portanto, uma conquista feminina, e é absolutamente falso e descabido atribui-la ao acaso ou à inteligência. É obra da mulher que conhece o seu marido e tem confiança na vida que escolheu. Vêm depois os obstáculos, que são muitos e insidiosos, e a mulher tem de combater contra as próprias ambições e o seu egoísmo.
É uma luta contínua em que o bom senso, a paciência e o equilíbrio são os únicos meios de que dispõe para defender o seu lar.
Pensamento: «Quem se irrita com as suas faltas não as corrigirá; toda a correcção perfeita deriva de um espírito calmo e pacifico.» (S. Francisco de Assis).
Joaquim Carlos


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