5.16.2011

Antigamente a Justiça era Graça!


Antigamente a Justiça era Graça

A anterior reflexão foi concluída exactamente com estas palavras: "Antigamente a Justiça era Graça!" Hoje realismo! É preciso tirar-lhe o véu, abrir-lhe bem os olhos...

Era como direito de pernada, ou bem feudal, que só se dava a quem se queria. Precisamos de a emancipar e tornar livre!

A justiça está em bancarrota, em dissolução, em caos! É heteróclita e um «bleuf»! Sem prestígio, é caricatura, arremedo, como os bolos para enganar meninos! Bilhete de lotaria, que quase sempre ais aos outros... Bem de que os Magistrados se regalam, como propriedade sua...

A justiça, é o primeiro sentimento que nasce na criança! A criança, via de regra, quando não é atendida nos seus protestos, que entende justos, por falta de compreensão ou entendimento, vinga-se em chorar, deixando de querer bem à pessoa que a ofende ou não atende, criando-lhe aversão e asco, como é o sentimento psicológico de reacção, às madrastas! A má justiça, de facto, é uma madrasta, em lugar duma Mãe!

Vê-se assim que a Justiça é um sentimento inato e instintivo, como a sede e a fome! Não fazer justiça é criar revoltados e protestantes, tímidos e desencorajados, fazendo descrer das forças de vida e de Deus, tornando o homem anti-religioso e blasfemador, contra a crença Divina! Tem além de outros males, este inconveniente, contribuindo para a perda do carácter, que é necessário preservar e para a Escola do niilismo e da timidez, e da desilusão, que é necessário também contrariar, para evitar o sentimento do desânimo da cobardia, ruína de Pátrias, dos que tinham fé e esperança na Vida!

O protesto à iniquidade vem, pois, do berço! E só os insensíveis, que no fundo são anormais, é que não sabem reagir!

De facto, nota-se instintivamente, entre duas crianças, a satisfação da agredida ou ofendida, quando intervém uma terceira pessoa, que lhe soube fazer justiça e o espírito de acatamento, da que a não tinha!

Quando nós encontramos duas crianças desavindas, e fazemos imediatamente justiça à que chora e que, via de regra, é a espezinhada, prontamente a que implorava se alegrou e também a outra ficou, espontâneamente, contente! Uma ou outra vez ficará amuada..., mas a verdade é que passados momentos, também esta recaiu em si e verificou que não tinha razão! Esta a submissão à consciência!

Esta intervenção, profana, indica soberamente, em que consiste a administração da justiça! Que esta é um fenómeno natural, como já foi dito e que um leigo à profissão sabe muito bem senti-la, mostrar onde está e entregá-la a quem de direito! Esta a escola da observação na vida! Encerram-se pois, em pouco, os seus mandamentos ou preceitos cívicos!

Quer dizer, dentro do homem generoso e bom, sabe-se quando se procedeu bem e procedeu mal! Logo, o problema da justiça, é um problema humano ou ainda talvez melhor, um problema animal, visto que não é peculiar somente ao homem, mas todos e qualquer ser!

Não há pois nenhuma transcendência no problema da justiça!


Joaquim Carlos

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