FREI PEDRO DIAS - O SANTO DE ARADAS (1457 - 1528)
Nesta pedra está gravada a data de 1899, que serve de umbral de uma quinta junto á Rua Eça de Queirós. |
Pedro Dias nasceu em Aradas por volta do
ano de 1457. Muito pobre e analfabeto, para ganhar a vida fez-se embarcadiço.
Um dia, quando se preparava para mais uma viagem longa, dirigiu-se ao Convento
de S. Domingos, em Aveiro, para se confessar e comungar. O confessor,
surpreendido com ele, convidou-o a entrar para o Convento. Embora receasse ser
mal recebido pelos frades, por não saber ler, Pedro aceitou e tornou-se frade
leigo. O Prior nomeou-o porteiro, lugar que desempenhou no Convento de Aveiro e
depois no de Évora, para onde foi transferido anos mais tarde. Levou uma vida
de humildade e auto-exigência quase inacreditáveis: não comia carne nem bebia
vinho; jejuava todos os dias, com excepção dos Domingos e Dia de Natal; nunca vestiu
um hábito novo – só usava os velhos que os companheiros já tivessem deixado de
vestir; não quiz cela nem cama própria onde pudesse repousar – passava as
noites na igreja, de joelhos nus no chão, a rezar: quando o sono o vencia,
continuando de joelhos estendia as mãos no chão à sua frente, apoiava nelas a
cabeça... e era assim que dormia um pouco, para logo voltar à oração. Os
pobres, que acudiam à portaria do Convento a procurar comida, chamavam-lhe Pai
– tal era o carinho e atenção com que cuidava deles. A fama da sua estreita
ligação com Deus, através da oração, era tão grande que o próprio Rei D. Manuel
I – o Venturoso –, de visita a Évora, procurou Frei Pedro para a Rainha D.
Maria, que o acompanhava, poder pedir-lhe que a inclui-se nas suas orações.
Foi essa vida de auto-exigência extrema,
a obediência sem reservas, o cuidado estremoso posto no serviço dos mais
pobres, a oração permanente e o dom da profecia de que tantas vezes deu provas
que lhe trouxeram, ainda em vida, a aura de santidade.
Faleceu em Évora, no dia 8 de Janeiro de
1528, com a fama de Santo atribuída pelo povo simples – que o canonizou. O seu
nome, como S. Pedro Bom, é memorado no Missal Romano no dia 9 de Janeiro.
Na Paróquia de Aradas existe uma imagem
sua, em escultura de madeira da segunda metade do Século XVI, que o mostra em
traje Dominicano.
Adoro apreciar o que a natureza nos dá, nem que seja um terreno coberto de milho, que a seu tempo acaba por ser alimento de gado ou aves, contribuindo para boa qualidade de carne. |
Comentários: como sempre, e desde que me
seja possível, aos domingos adoro dar umas voltas de bicicleta, com o único
propósito de registar imagens para as inserir no meu Blog.
A maioria delas deixam-me profundamente entristecido,
porque não se conserva a memória dos antepassados, que tanto labutaram em prol
das suas localidades, muitas das vezes com sérios sacrifícios.
O Concelho de Aveiro reúne um riquíssimo
património cultural, a maioria dele encontra-se em completo estado de
degradação, ou à espera de obras de restauro. As desculpas que mais se ouvem,
estão todas baseadas na escassez de recursos financeiros, o que não deixa de
ser estranho, porque já houve pipas de massa, gastas nos foguetórios e em
festanças para encher os olhos os potenciais votantes nos partidos a concurso
para o poder local.
Nas voltas que tenho dado pelo Concelho,
deparo-me com chafarizes públicos indicando água imprópria para consumo, outros
já nem água têm, muitos deles completamente secos, a abrir brechas com o calor,
deixando adivinhar que jamais voltarão a funcionar como antes.
No Parque Infante D. Pedro existem uns
quantos, o Chafariz das 5 bicas é um dos tais. Este abandono pelo património
existente, revela bem a desconsideração pela memória dos antepassados desta
cidade, que tudo fizeram para a enriquecer com belíssimos monumentos de arte.
Postado por Joaquim Carlos, Coordenador
do Projecto Imagem e Comunicação, podendo as imagens serem usadas na condição
de ser feita referência da sua fonte.
Olá, bela postagem, parabéns, muito informativa. É uma lastima o patrimônio histórico estar abandonado em parte.
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