8.25.2012

Reflexão de um Inconformista


Reflexão de um Inconformista

Neste Blogue são publicados artigos de opinião que não é conveniente lançar no site da ADASCA, respeitando assim as motivações solidárias que levaram a Openquest a oferecer o mesmo, como ferramenta imprescindível à divulgação da dádiva de sangue.
Não sou um crítico mordaz no campo da política, sou sim, um inconformista pela forma como vejo o meu País a ser desgovernado pelos putos da política, que nem sequer a casa deles sabem gerir, quanto mais um País. Os resultados estão bem à vista de todos, mas, ninguém se preocupa, ainda lhes batem palmas.
Os partidos que tem abusado da confiança do Povo mediante o voto nas eleições, e claro, os seus dirigentes deviam no fim dos seus mandatos serem detidos e julgados perante um Colectivo de Juízes Veteranos do Supremo Tribunal de Justiça, como forma de se apurar o que fizeram de mal a este misero País, e perceber os seus interesses pessoais. Sabem porquê? É que a maior parte deles entram para lá “pobres” mas, saem de lá ricos. Onde está a honestidade desta gente? O que fizeram de concreto em prol do Povo que os elegeu? Nada, rigorosamente nada.
Ora, isso não tem acontecido porquê? Julgam-se assim acima da Lei? Mas a Constituição da Republica diz que ninguém está acima da Lei, e por sua vez esta é igual para todos, o que vemos é precisamente o contrário. Na verdade, não é isso que nos entra pelos olhos dentro, eles sabem que o Povo não é estúpido. Roubaram o dinheiro do Povo que estava à sua guarda nos Bancos, e nada de relevante lhes aconteceu. Transferiram avultadas quantias de dinheiro para os designados paraísos fiscais, nada lhes aconteceu. Enriqueceram em meia dúzia de anos de mandato, nada lhes aconteceu. Os tribunais nada fazem com esta casta de gente, tendo em conta que são os próprios que fazem as leis à medida de cada caso. Se for um humilde cidadão contribuinte, leva pela medida grossa, passa a ser visto pelos vizinhos como um de que todos devem desconfiar, se se tratar de um político de fato e gravata, corrupto, todos lhe dão espaço para se sentar primeiro, ainda passar à frente duma qualquer fila. Somos mesmo pobres de espírito, ingénuos, sei lá que mais. Algum ser humano formado de carne e osso é mais importante do que o outro? Quanto muito já nasce com algumas diferenças genéticas, de personalidade, etc. etc.
Quando o Povo manifesta a sua indignação, se necessário for enviam a polícia para o terreno, para esta agredir o Povo que os elegeu, e ninguém lhes pede contas. É como o filho desse uns murros no Pai. Porquê? Porque os políticos só são diferentes enquanto não estão no Palácio do posso e mando. O Sócrates deu corda aos sapatos para França, o Passos Coelho, quando sair da toca, vai para o País da sua esposa (com o devido respeito pela senhora). A venda à Angola de um conjunto de empresas de alto rendimento são prova do que aqui digo, quem duvidar, deixe que o tempo seja testemunha. Os factos mudam, o tempo não, nesse ninguém mexe. Preparam tudo ao abrigo dos acordos de Estado, para que nada falhe...
Como se compreende que um País, como Portugal tendo sido governado por uma ditadura durante mais de 50 anos, respirando alguma democracia há 38, venda as suas empresas que tanto custou a erguer a Países que não respeitam os direitos humanos, quanto mais a democracia ou a liberdade de expressão? Em que cabecinhas pensadoras cabem decisões destas? Estas decisões apesar de serem classificadas como politicas, não deviam ser julgadas pelo Supremo Tribunal de Justiça ou pelo Tribunal Constitucional antes de se concretizarem? Para alguns quiçá não faça grande sentido, mas, para a maioria do Povo, assim devia acontecer.
Seja que governo for – cor politica -, quando é eleito, não tem por fim defender o País e o Povo que o elegeu? Porque será, quando se apanham sentados lá na cadeira do posso e mando, fazem tudo ao contrário do que prometeram durante as eleições? O discurso da vitória muda logo de figura, porque será? Onde deixaram a palavra de honra? A honestidade? A verticalidade? O bom nome? O sentido de responsabilidade? O que fizeram com os valores educacionais herdados da sua família? Os tais que aprenderam na escola e na igreja? Já pensaram que a quebra destes calores dessem origem a cancro na consciência dos políticos, não havia ninguém no governo nem na Assembleia da República – a chamada casa da democracia? A Que especialistas recorreriam eles para extirpar o maldito bicho da consciência? Se este fosse de origem contagiosa? Tudo isto e muito mais, incomoda-me imenso, deixa-me num estado de inconformismo.
Se um grupo de cidadãos movido pelo sentimento de indignação versus revolta recorre-se à lei da bala, seria classificado de criminoso, terrorismo puro, mas, os eleitos pelo Povo esmagam a dignidade do Povo que os elegeu, e nada lhes acontece. Porquê? São soberanos? Não me parece que o sejam, não passam de seres mortais, falíveis como qualquer um de nós, com necessidades básicas, que devem ser satisfeitas conforme as exigências do corpo humano.
Assim, vamos fazendo de conta que nada se passa, nada é connosco, isso não nos diz respeito, deixamos andar. Quando aqueles putos da política de lá saírem nada lhes acontece, passeiam-se à vontade, como autênticos inocentes, beneficiando de elevadas reformas entre outros benefícios, enquanto o pobre Povo, limita-se a mendigar um prato de sopa, um pão, um copo de água, uma peça de roupa, um exíguo espaço para dormir…
Alguém já compreendeu as razões do meu inconformismo? É que trabalhei uma vida inteira, e vou acabar os meus dias sem direito a nada. Porquê? Que mal fiz ao País onde nasci, estudei e trabalhei? Porque não fui para a política? Se o tivesse optado por essa forma de vida, hoje estaria rico, embora anda-se com a cabeça encharcada em medicamentos, quiçá com um cancro dos mais terríveis, não assumindo as consequências dos meus actos, porque era político, estava safo.
A terminar esta reflexão, informo que nunca fui nem sou simpatizante nem militante de qualquer partido politico, fui isso sim jornalista versus colaborador durante 26 anos em diversos órgãos de comunicação social, tendo ficado enjoado de tanta politiquice, de tanta traição. Se chamam a isto política, eu dispenso-a.
“Uma colectânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males.” (Voltaire). Os políticos não sabem da existência desta farmácia? É recomendo-a.

Joaquim Carlos
(Jornalista)

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