Reflexão de um Inconformista
Neste Blogue são publicados artigos de opinião que não é conveniente lançar no site da ADASCA, respeitando assim as motivações solidárias que levaram a Openquest a oferecer o mesmo, como ferramenta imprescindível à divulgação da dádiva de sangue.
Não
sou um crítico mordaz no campo da política, sou sim, um inconformista pela
forma como vejo o meu País a ser desgovernado pelos putos da política, que nem
sequer a casa deles sabem gerir, quanto mais um País. Os resultados estão bem à
vista de todos, mas, ninguém se preocupa, ainda lhes batem palmas.
Os
partidos que tem abusado da confiança do Povo mediante o voto nas eleições, e
claro, os seus dirigentes deviam no fim dos seus mandatos serem detidos e
julgados perante um Colectivo de Juízes Veteranos do Supremo Tribunal de
Justiça, como forma de se apurar o que fizeram de mal a este misero País, e
perceber os seus interesses pessoais. Sabem porquê? É que a maior parte deles
entram para lá “pobres” mas, saem de lá ricos. Onde está a honestidade desta
gente? O que fizeram de concreto em prol do Povo que os elegeu? Nada,
rigorosamente nada.
Ora,
isso não tem acontecido porquê? Julgam-se assim acima da Lei? Mas a
Constituição da Republica diz que ninguém está acima da Lei, e por sua vez esta
é igual para todos, o que vemos é precisamente o contrário. Na verdade, não é
isso que nos entra pelos olhos dentro, eles sabem que o Povo não é estúpido.
Roubaram o dinheiro do Povo que estava à sua guarda nos Bancos, e nada de
relevante lhes aconteceu. Transferiram avultadas quantias de dinheiro para os
designados paraísos fiscais, nada lhes aconteceu. Enriqueceram em meia dúzia de
anos de mandato, nada lhes aconteceu. Os tribunais nada fazem com esta casta de
gente, tendo em conta que são os próprios que fazem as leis à medida de cada
caso. Se for um humilde cidadão contribuinte, leva pela medida grossa, passa a
ser visto pelos vizinhos como um de que todos devem desconfiar, se se tratar de
um político de fato e gravata, corrupto, todos lhe dão espaço para se sentar
primeiro, ainda passar à frente duma qualquer fila. Somos mesmo pobres de
espírito, ingénuos, sei lá que mais. Algum ser humano formado de carne e osso é
mais importante do que o outro? Quanto muito já nasce com algumas diferenças
genéticas, de personalidade, etc. etc.
Quando
o Povo manifesta a sua indignação, se necessário for enviam a polícia para o
terreno, para esta agredir o Povo que os elegeu, e ninguém lhes pede contas. É
como o filho desse uns murros no Pai. Porquê? Porque os políticos só são
diferentes enquanto não estão no Palácio do posso e mando. O Sócrates deu corda
aos sapatos para França, o Passos Coelho, quando sair da toca, vai para o País
da sua esposa (com o devido respeito pela senhora). A venda à Angola de um
conjunto de empresas de alto rendimento são prova do que aqui digo, quem
duvidar, deixe que o tempo seja testemunha. Os factos mudam, o tempo não, nesse
ninguém mexe. Preparam tudo ao abrigo dos acordos de Estado, para que nada
falhe...
Como
se compreende que um País, como Portugal tendo sido governado por uma ditadura
durante mais de 50 anos, respirando alguma democracia há 38, venda as suas
empresas que tanto custou a erguer a Países que não respeitam os direitos
humanos, quanto mais a democracia ou a liberdade de expressão? Em que cabecinhas
pensadoras cabem decisões destas? Estas decisões apesar de serem classificadas
como politicas, não deviam ser julgadas pelo Supremo Tribunal de Justiça ou
pelo Tribunal Constitucional antes de se concretizarem? Para alguns quiçá não
faça grande sentido, mas, para a maioria do Povo, assim devia acontecer.
Seja
que governo for – cor politica -, quando é eleito, não tem por fim defender o
País e o Povo que o elegeu? Porque será, quando se apanham sentados lá na
cadeira do posso e mando, fazem tudo ao contrário do que prometeram durante as eleições?
O discurso da vitória muda logo de figura, porque será? Onde deixaram a palavra
de honra? A honestidade? A verticalidade? O bom nome? O sentido de
responsabilidade? O que fizeram com os valores educacionais herdados da sua
família? Os tais que aprenderam na escola e na igreja? Já pensaram que a quebra
destes calores dessem origem a cancro na consciência dos políticos, não havia
ninguém no governo nem na Assembleia da República – a chamada casa da
democracia? A Que especialistas recorreriam eles para extirpar o maldito bicho
da consciência? Se este fosse de origem contagiosa? Tudo isto e muito mais,
incomoda-me imenso, deixa-me num estado de inconformismo.
Se
um grupo de cidadãos movido pelo sentimento de indignação versus revolta
recorre-se à lei da bala, seria classificado de criminoso, terrorismo puro,
mas, os eleitos pelo Povo esmagam a dignidade do Povo que os elegeu, e nada
lhes acontece. Porquê? São soberanos? Não me parece que o sejam, não passam de
seres mortais, falíveis como qualquer um de nós, com necessidades básicas, que
devem ser satisfeitas conforme as exigências do corpo humano.
Assim,
vamos fazendo de conta que nada se passa, nada é connosco, isso não nos diz
respeito, deixamos andar. Quando aqueles putos da política de lá saírem nada
lhes acontece, passeiam-se à vontade, como autênticos inocentes, beneficiando
de elevadas reformas entre outros benefícios, enquanto o pobre Povo, limita-se
a mendigar um prato de sopa, um pão, um copo de água, uma peça de roupa, um
exíguo espaço para dormir…
Alguém
já compreendeu as razões do meu inconformismo? É que trabalhei uma vida
inteira, e vou acabar os meus dias sem direito a nada. Porquê? Que mal fiz ao
País onde nasci, estudei e trabalhei? Porque não fui para a política? Se o
tivesse optado por essa forma de vida, hoje estaria rico, embora anda-se com a
cabeça encharcada em medicamentos, quiçá com um cancro dos mais terríveis, não
assumindo as consequências dos meus actos, porque era político, estava safo.
A
terminar esta reflexão, informo que nunca fui nem sou simpatizante nem
militante de qualquer partido politico, fui isso sim jornalista versus
colaborador durante 26 anos em diversos órgãos de comunicação social, tendo
ficado enjoado de tanta politiquice, de tanta traição. Se chamam a isto política,
eu dispenso-a.
“Uma
colectânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para
todos os males.” (Voltaire). Os políticos não sabem da existência desta
farmácia? É recomendo-a.
Joaquim
Carlos
(Jornalista)
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