Saúde
Instituto
do Sangue colheu menos 20 mil unidades entre Janeiro e Julho
27.08.2012 - 08:40 Por Alexandra Campos
Quebra nas colheitas acentuou-se quando
os dadores perderam a isenção do pagamento de taxas moderadoras nos hospitais
(Foto: Nuno Ferreira Santos)
Quebra nas dádivas continua, mas os meses de
Verão têm decorrido sem grandes problemas, graças às campanhas entretanto
lançadas, que permitiram conquistar 4800 novos dadores num mês.
A quebra acumulada nas dádivas de sangue
continua a ser muito expressiva: entre Janeiro e Julho, o Instituto Português
de Sangue e Transplantação (IPST) colheu menos cerca de 20 mil unidades do que
no mesmo período do ano passado, uma diminuição da ordem dos 15%.
Apesar deste decréscimo, o Verão – que
tradicionalmente é um período difícil porque muitos dadores estão de férias –
tem decorrido sem grandes sobressaltos, garante o presidente do IPST, Hélder
Trindade.
"Este ano estamos a viver no
limite", admite, porém, Hélder Trindade, ao mesmo tempo que sustenta que a
situação está sob controlo. A meio da semana passada, por exemplo, a reserva
era superior a oito mil unidades de sangue, o que em teoria dá para uma semana,
dado que a média do consumo diário ronda as 1100 unidades. Não é o ideal, mas é
o suficiente para evitar a necessidade de fazer alertas públicos, afirma o
responsável, que precisaria de ter mais de nove mil unidades na reserva para
ficar tranquilo.
A explicação para este aparente paradoxo
- o não haver quebras alarmantes nas reservas em Agosto apesar da diminuição
acentuada das dádivas de sangue desde o início do ano - reside nos resultados
obtidos graças às 12 medidas que foram lançadas pelo ISPT no início do Verão.
"Em cerca de um mês [entre Junho e Julho], conseguimos 4800 novos
dadores", exemplifica o presidente do instituto, que não consegue,
todavia, contabilizar quantos dadores habituais se terão perdido este ano.
Em 2011, já se tinha verificado uma
quebra ligeira nas colheitas de sangue, mas foi a partir do início deste ano
que a situação se complicou, depois de os dadores terem perdido a isenção do
pagamento de taxas moderadoras nos hospitais (a isenção mantém-se apenas nos
centros de saúde). Esta tem sido, aliás, apontada como a principal razão para o
decréscimo observado nas colheitas, somada à dificuldade sentidas pelos dadores
para suportar os custos do transporte até aos locais de colheita.
Nos últimos meses, tem havido alguma
recuperação - em Julho, por exemplo, a quebra foi já de 10% face ao mesmo mês
de 2011, mas o certo é que a diminuição continua. “Em Lisboa e no Porto foi
possível recuperar, mas na região Centro e sobretudo nos meios rurais está a
ser difícil [voltar aos níveis habituais] ", concretiza Hélder Trindade.
Doze medidas
Para tentar contornar este problema, no
início do Verão foram apresentadas 12 medidas, que incluem uma campanha a nível
nacional de sensibilização e apelo à dádiva, um call center para contacto
directo com os dadores de sangue, brigadas de recolha nas praias, em vários
centros comerciais, em todas as etapas na Volta a Portugal em Bicicleta e até
em várias estações da CP. "Nunca se lançaram tantas campanhas
seguidas", destaca o presidente do IPST.
Foi, entretanto, criado um sítio na
Internet (darsangue.pt) onde os interessados podem consultar os locais e
horários das colheitas, nomeadamente das brigadas móveis por distrito e dos
hospitais.
A quebra nas dádivas de sangue já se
tinha verificado nos últimos meses do ano passado, ainda que a diminuição fosse
ligeira (menos 2%, ou seja, 8685 unidades). Os três centros regionais do IPST
são responsáveis por cerca de 60% das colheitas, sendo o restante sangue
colhido nos serviços de vários hospitais do país.
O Hospital de S. João (Porto), o que faz
mais colheitas a nível nacional, também lançou este Verão uma campanha para
motivar os dadores e em Setembro vai avançar com uma aplicação para iPhones e
smartphones. Os valores têm-se mantido mais ou menos semelhantes aos de Agosto
de 2011, afirma o director do Serviço de Imuno-hemoterapia, Fernando Araújo,
que lembra que o S. João continua a enviar sangue para Lisboa, onde a falta
continua a ser mais acentuada.
Depois de, no passado, se ter feito uma
grande aposta nesta área e se ter conseguido atingir "um ponto de equilíbrio,
2012 está a ser um ano de enorme instabilidade, com alertas sucessivos", lamenta.
"Este ano temos estado sempre em crise".
Notícia
publicada na íntegra às 14h30
Fonte: Jornal “Público”
Comentários1 a 3 de 3 Escrever Comentário
Anónimo, Lisboa. 27.08.2012 10:27
Dar sangue.....
Antigamente, quem dava sangue, costumava
ter o dia como benesse para descansar e recuperar. Hoje, a pessoa que vai dar
sangue é vista como "mais um malandro que não quer trabalhar nesse
dia". O que fizeram as pessoas que estão na assembleia, que se calhar
nunca deram sangue na vida "Vamos acabar com esta malandragem que dá
sangue, acabou-se o direito ao dia." Aproveitaram e fizeram também o
seguinte: "acabamos também com a isenção nas taxas moderadoras" E
assim se fez história, quem dava sangue e fazia o seu contributo para uma
sociedade justa, deixou de ser uma pessoa honesta e válida e passou a ser mais
um malandro e um aproveitador do sistema, que como tal não deve ter qualquer
benesse na sua dádiva.
João , Lisboa. 27.08.2012 10:17
Aquisição ao estrangeiro
Humm, como estará o negócio de compra de
sangue ao estrangeiro? É que para mim a supressão de parte da isenção aos
dadores, que é nitidamente o motivo da diminuição das dádivas, tem mesmo como
objectivo aumentar o volume de aquisição a outros países. Pois é, negócios de
Estado com afilhados pelo meio. A questão da isenção nem sequer se deveria pôr,
tanto para os dadores como para qualquer outro português, simplesmente se deveria
ser de livre acesso, porque todos os serviços de saúde sempre foram pagos pelos
nossos impostos, e, importante salientar que antes de aparecerem as taxas
moderadoras, os impostos chegavam plenamente para todos os serviços de saúde,
depois de começarmos a pagar as taxas moderadoras, começámos a ter menos
serviços disponíveis e a pagar cada vez mais impostos.
Spitzer , Margem Sul. 27.08.2012 10:00
Sangue à borla?
Se tudo se vende. porque é que o sangue
se «dá»? Se a saúde é para ser um negócio, porquê «doar» os meus órgãos? Porque
não vende-los? Querem transformar a saúde num «business»? Então vamos a isso.
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