Dia Mundial do Dador de Sangue e a falta de respeito
pelo dador
Panorama
do Posto Fixo da ADASCA localizado no Mercado Municipal de Santiago
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De acordo com um comunicado emitido pela
OMS por ocasião do Dia Mundial do Dador de Sangue, a assinalar-se hoje (a 14 de
Junho), o esforço feito pelas autoridades e organizações da sociedade civil na
doação voluntária e não remunerada de sangue é essencial para a salvação de
doentes, mas, sobre o respeito pela pessoa do dador benévolo de sangue nem uma referência.
“ Os dadores voluntários regulares são
as fontes mais seguras de sangue, uma vez que existem menos infecções
transmitidas pelo sangue neste grupo, em relação aos familiares dos pacientes
ou pessoas que doam sangue a troco de remuneração”, afirma, embora eu tenha
sérias dúvidas sobre este ponto de vista, tendo em conta que o estilo de vida
do dador é realçar, quiçá não tanto o valor monetário.
A Associação de Dadores de Sangue do
Concelho de Aveiro – ADASCA sustenta que as campanhas de informação deveriam
enfatizar os aspectos sociais e clínicos positivos neutralizando os aspectos
negativos relativos á dádiva de sangue. Um passo especialmente importante para transformar
o não dador em dador seria a concentração de esforços durante a primeira doação
e o uso desta oportunidade para a conversão destes em dadores regulares,
através da persuasão, do atendimento e das informações prestadas a respeito de
todos os procedimentos, o que nem sempre acontece. O dador só é recordado nas
datas para doar sangue.
Porém, muitas perguntas permanecem sem
respostas na área dos atributos motivacionais relacionados à doação de sangue.
A meta final, certamente, é a melhoria das técnicas de recrutamento de dadores;
o aumento do número de dadores e o conhecimento das razões dos não doadores, a
ADASCA está nesse caminho. Entretanto, busca-se ressaltar a influência da
confiança do dador na instituição, enfatizando a interacção de serviço com o
potencial dador através de incentivos à dádiva a começar pela reposição das
taxas moderadoras nos hospitais públicos e privados, que tarda em ser
reconhecida como a principal causa da quebra de dádivas desde que entrou em
vigor o iníquo DL 113/2011 de 29 de Novembro, cujo objectivo primário é fazer
dinheiro à conta de quem já é solidário.
A preocupação com o relacionamento, com
a fidelização dos dadores e, principalmente, com o estabelecimento de relações
mais fortes é tarefa primordial da ADASCA, e o que assistimos é claramente ao
contrário nas instituições do SNS. A oferta apropriada de serviços pode ser
estabelecida à parte da rotina de interacção e consiste de quatro componentes:
espontaneidade, sinceridade, reconhecimento público e consistência.
Os dadores de sangue não se sentem
respeitados no Serviço Nacional de Saúde, onde são muitas das vezes coagidos a
pagar valores referentes às famigeradas taxas moderadoras quando não deviam,
sentindo-se assim penalizados pelo facto de serem solidários. Provavelmente só
em Portugal é que isto acontece.
Na qualidade dador regular de sangue (há
quase 36 anos) e como presidente da Direcção da ADASCA, sinto-me cansado,
magoado com certas atitudes vs. procedimentos administrativos que são
praticados no interior dos gabinetes que coordenam as brigadas, o que me leva a
dizer que não há vergonha, há sim interesses.
Sinto que não existe respeito por quem
trabalha na promoção da dádiva de sangue no terreno. Em nome dos doentes impera
a vingança pessoal, a traição, a bajulice e a manutenção de interesses pouco
claros. Tenho pela minha frente uma notória falta de ética e escrúpulos, isto é
doloroso. Não há vergonha, há interesses que devem ser defendidos custe o que
custar por uns quantos senhores dominadores no mundo da dádiva de sangue.
Em Aveiro e arredores a ADASCA tem vindo
a desenvolver um intenso trabalho de sensibilização para a dádiva de sangue nem
sempre valorizado por quem de direito. Para quê tanto esforço e dedicação? Um
trabalha, os outros que nada fazem são os principais beneficiários. Não há vergonha,
há interesses a defender a favor de uns poucos do tipo Jet-set.
Será que não existe ninguém no Conselho
Directivo do IPST que ponha termo a este procedimento tão vil? Se não existe
ninguém estamos mal, aliás, de mal para pior. Com este tratamento, não adianta
comparecer nas reuniões vs. cerimónias venham os convites de onde vier.
Por causa de procedimentos destes e
outros que nem são conhecidos, é que o País está como está. Faliu o sentido de
responsabilidade, como ainda a confiança nas instituições públicas e nas
pessoas que nos impõem deveres e mais deveres. Em que quem os dadores de sangue
devem confiar?
Neste dia em que se comemora um pouco
por todo o lado o Dia Mundial do Dador de Sangue, a ADASCA não vai estar uma
vez mais presente na cerimónia que vai decorrer em Oeiras. Dispensamos
discursos de circunstância, se exprimidos nem pinga de sumo deitam, mas, falam
em nome de que nem sequer está presente.
O nosso tempo é mais precioso nos
preparativos para a realização da II
Caminhada Solidária da ADASCA, que vai acontecer no dia 16 (domingo
próximo) com uma largada de balões pretos num gesto de descontentamento pela
não reposição das taxas moderadoras aos dadores de sangue nos hospitais, como
ainda pela falta de regulamentação do Estatuto Nacional do Dador de Sangue.
O ministro da saúde e os seus secretários
de estado deviam sentir-se incomodados (envergonhados) quando fazem questão de
comemorar esta data tão significante com os dadores, tendo em conta que, com
uma mão tiram-nos o sangue e com a outra vão-nos à carteira, só assim se
encontra uma explicação para os 105 milhões de euros que os hospitais devem ao
Instituto Português do Sangue. Os dadores dão assim tanto prejuízo?
Pedimos a reposição das taxas
moderadoras nos hospitais públicos e privados à semelhança do passado recente,
como ainda a regulamentação do Estatuto Nacional de Sangue, e finalmente o
seguro do dador que há mais 20 anos aguarda pela oportunidade de se tornar uma
realidade.
Desde Janeiro do ano em curso a ADASCA
realizou 35 Brigadas para colheitas de sangue, destas resultaram um total de
1209 inscritos, 977 dádivas aprovadas, 215 suspensos vs. adiados e 17
eliminações definitivas, representando cerca de 3281 dadores associados de pelo
direito, em 6 anos e 5 meses de existência. Tanto trabalho, dedicação para quê
se não há quem nos respeite e valorize? Haja ao menos respeito.
Cordialmente,
Joaquim Carlos
Fundador/Presidente da Direcção da
ADASCA
Aveiro, 14 de Junho de 2013
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=543193&tm=8&layout=122&visual=61 (terroristas de sangue, declarações do Hélder Trindade).
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