10.10.2012

Dia Mundial da Saúde Mental versus Panorama Naciona


Dia Mundial da Saúde Mental 
          versus Panorama Nacional
ersus Panorama Nacional

Dia Mundial da Saúde Mental versus Panorama Nacional

Cerca de 450 milhões de pessoas sofrem de perturbações mentais em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde. Destas, mais de 350 milhões padecem de depressão. Em Portugal, a prevalência de distúrbios mentais situa-se nos 23%, acima da média europeia. Hoje assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental, com críticas ao poder político, alertas de números e um congresso no Porto.

Há vinte anos que esta efeméride é celebrada globalmente para promover uma “discussão aberta sobre as perturbações mentais, os investimentos na prevenção, na promoção e nos serviços de tratamento”, pode-se ler no site da Organização Mundial da Saúde(OMS). Mas António Palha, presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria (SPP), em declarações à Agência Lusa, admite não notar mudanças desde então em Portugal, no que diz respeito às ofertas de reabilitação e inclusão social dos doentes mentais crónicos.
Esta é uma das considerações que está a marcar mediaticamente o Dia Mundial da Saúde Mental, no âmbito de uma crítica cerrada ao Plano Nacional de Saúde Mental. Palha afirma que este se encontra“distanciado das necessidades reais da população portuguesa” e lamenta que se tenham encerrado e desmembrado unidades de Psiquiatria sem garantias de alternativas.
O presidente da SPP defende que “o orçamento para a saúde mental é uma pequeníssima parte daquilo que deveria ser e, sem essa modificação qualitativa, é impossível fazer um plano coerente”. Criticando ainda o não cumprimento das leis e das linhas de orientação internacionais na área da saúde mental pelo Ministério da Saúde, bem como o atraso nos cuidados continuados e as lacunas da reabilitação em Psiquiatria, Palha refere-se ao Plano Nacional de Saúde Mental como “apenas ideologicamente fundamentado, sem possibilidades de resposta às necessidades concretas da população portuguesa nos dias de crise financeira de hoje”.
À Antena 1, a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria acusa ainda o Ministério da Saúde de ter tido pressa em fechar unidades asilares, como o Miguel Bombarda, em Lisboa, mas de ter perdido o rasto aos doentes mentais – entre os quais, esquizofrénicos – que estavam internados nesses hospitais psiquiátricos. A SPP compromete-se, entretanto, a levar a cabo um estudo para localizar estes doentes, porque suspeita que alguns possam estar pior do que estavam.

Mais de 30% dos alunos universitários do Porto consomem psicotrópicos
Entre hoje e sexta-feira, vai decorrer na Universidade Católica, no Porto, o III Congresso Internacional da Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental (SPESM), onde este organismo vai apresentar um estudo sobre a saúde mental dos estudantes universitários do Porto.
O estudo que vai ser revelado no âmbito deste Dia Mundial da Saúde Mental foi realizado de 2010 para cá e aponta outras percentagens alarmantes: 44,5% dos estudantes inquiridos dizem consumir fármacos (20,8% de tranquilizantes, 7,7% de sedativos e 5,1% de hipnóticos). Isto num país onde a prevalência das doenças mentais é superior à média europeia (23% contra 17%), e onde a prevalência da ansiedade é de 16,5%.
O congresso da SPESM que se estende até sexta-feira no Porto, subordinado ao tema “Da Investigação à prática clínica em Saúde Mental”, pretende ser, segundo a organização, “uma viagem pela investigação realizada em saúde mental, pelos padrões de qualidade que se traduzem em ganhos em saúde para as pessoas e novas áreas emergentes que requerem cuidados”.
Este organismo defende que uma “primeira ajuda emocional” passa pelo envolvimento de toda a comunidade – colegas de trabalho e família –, o que pode dar resposta a doenças mentais leves.
Neste sentido, em entrevista à Agência Lusa, o psiquiatra Júlio Machado Vaz alerta que é um “erro” entrar “logo de cabeça” pelo psiquiatra e pelo psicólogo, quando começam a surgir sintomas como “demasiada” ansiedade, apatia ou tristeza. Sugere, antes, a consulta do médico de família: “O nosso médico de família, a equipa da nossa unidade de saúde familiar, ou do nosso centro de saúde (…) estão grande parte das vezes preparados e têm uma outra vantagem enorme que é: têm um conhecimento daquela pessoa ao longo do tempo”, alega o médico psiquiatra.
O que é considerado “Saúde Mental”?
A Saúde Mental refere-se a um amplo conjunto de actividades directa ou indirectamente relacionado à componente de bem-estar, incluída na definição da Saúde pela OMS: “Um estado de bem-estar físico, mental e social completo e não meramente a ausência de doença”. Entre as muitas categorias de doenças mentais contam-se as fobias, a ansiedade, o stress pós-traumático, o transtorno obsessivo-compulsivo, a doença bipolar, as doenças psicóticas e a depressão.
O médico psiquiatra Júlio Machado Vaz prefere caracterizar a saúde mental como “a capacidade de nos adaptarmos aos estímulos exteriores com o mínimo sofrimento e mantendo-nos a funcionar de uma forma adequada”.
De acordo com um estudo do SPESM, Portugal encontra-se “no topo da lista dos países da Europa com maior prevalência de doenças psiquiátricas, valores que ao longo da vida ultrapassam os 40%”.

Fonte: DIANOVA

Nenhum comentário:

Postar um comentário